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Nossas leis e nossas salsichas

Paulo César de Oliveira
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Algumas frases, famosas há séculos, com pequenas adaptações se aplicam à realidade atual. A do estadista unificador da Alemanha Otto von Bismarck (século XIX) é um ótimo exemplo. Dizia ele: “se os homens soubessem como são produzidas a lei e a salsicha, não respeitariam a primeira e não comeriam a segunda” Entre nós, hoje, se soubessem como são feitos os acordos e alianças políticas e as leis, naturalmente, os brasileiros não respeitariam nada. Causa indignação ouvir declarações de políticos falando sobre as articulações para alianças visando as eleições. Não há qualquer preocupação em justificar arranjos que, no dizer do ex-governador Newton Cardoso, mais parecem “casamento de tatu com cobra”, tal a diferença entre os partidos. Pelo menos em suas pregações em busca de votos. Fala-se abertamente que a aliança vai interessar pois abre a possibilidade de ampliação das respectivas bancadas, tanto no nível federal quanto estadual. O que isto pode significar para o país? Que bobagem, ninguém se interessa por política mesmo. São as nossas salsichas que já são produzidas contaminadas e que, pouco mais tarde, vão matar os brasileiros de intoxicação e corrupção. As leis também são produzidas assim. Os textos são elaborados com o claro intuito de beneficiar grupos e alguns quase têm o nome e sobrenome de quem ganha com o texto. As eleitorais então… Vejam, por exemplo, as normas que regem as campanhas eleitorais que, oficialmente, começam em 16 de agosto. Até lá, explica o TRE de Minas, os chamados pré-candidatos podem participar de reuniões públicas, apresentar propostas e programas, conversar, discursar, mas não podem pedir voto. Agride a inteligência alheia esta explicação de que tudo pode, menos pedir voto. Então que fiquem sabendo os senhores candidatos. Depois de apresentar suas propostas, fazer suas promessas, jurar que manterão pagamentos em dia, que construirão estradas, gerarão milhões de empregos, construirão escolas, hospitais e tudo mais, não podem pedir o voto. Assim por exemplo: “se vocês querem tudo isto, votem em mim”. A partir de 16 de agosto, podem. Antes é crime. Positivamente não dá para respeitar nem as salsichas nem as leis brasileiras.

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