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Um jogo rasteiro, onde a regra é desrespeitar as regras

Paulo César de Oliveira
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Lei? Para que? Regras, normais, estatutos, códigos, códigos de ética, regulamentos? Para que? Ética, moral, vergonha, compostura, escrúpulo, respeito? Para que, se na política a única coisa não permitida é perder eleição? Estes últimos dias foram de assustar. Não que o brasileiro não soubesse do que são capazes nossos políticos. O problema é que, desta vez, eles se superaram e colocaram para fora todas as ferramentas que usam para se manterem no Poder. Mostraram também sob o comando de quem estão nossas instituições que deveriam zelar pela moralidade da política nacional. Descobrimos que o país não existe. Que as leis não foram feitas para serem obedecidas a não ser, claro, quando nos beneficiam ou quando prejudicam nossos adversários. Descobrimos que até mesmo vetustas e formais instituições, como a Ordem dos Advogados do Brasil, se deixam dobrar diante da ousadia, permitindo que a “Carteira da Ordem”, disputada por milhares todos os anos, seja transformada em passaporte para conchavos políticos. Descobrimos que nossos tribunais chamados superiores, não são mais compostos por notórios conhecedores do Direito e, em alguns casos, nem de conduta tão ilibada assim. Dos partidos nada há a se falar, a não ser que são uma excrescência, verdadeiras casas de prostituição comandadas por devassos, para não usar a expressão popular ao pé da letra. Indignação? Não, nem tanto. Ao longo de minha vida de jornalista, de uma certa forma, me acostumei com este jogo rasteiro. Só que ele era jogado de forma mais cavalheiresca, sem “enfiar o dedo” nos olhos do adversário. As rasteiras políticas eram mais inteligentes e a busca do Poder um fato natural da política. Hoje o jogo é baixo e o que se busca não é o comando para impor ideias, essência da atividade política. Hoje busca-se o Poder pelo que ele pode representar em dinheiro e vantagens pessoais. Chegamos ao limite da ruptura. É preciso romper com este ciclo vergonhoso de nossa política. Temos a chance de mudar agora em outubro. E é melhor que esta mudança se dê pelo voto. A outra forma é dolorosa. Sabemos disto. Mas se assustam os acordos, que pomposamente os políticos chamam de composições e alianças, são de causar arrepios as suas consequências futuras. Que governo pode sair de um jogo tão rasteiro como o que estamos assistindo? Quanto custará ao cidadão a chamada governabilidade que, para os iniciantes, pode ser explicada como a divisão das tetas governamentais. Quem quer que seja o indicado pelas urnas, sabe que não terá como governar se não governar para o grupo de apoio, mesmo que isto signifique, e sempre significa, governar contra os interesses do povo. E isto vale também para os estados, onde as composições políticas são resultado, ou causa, das imoralidades no plano federal. Mas, fazer o que? Somos hoje, fruto de nossas opções no passado. Precisamos começar, imediatamente, a melhorar nossas escolhas. Se não por nós, por nossos filhos, netos ou, quem sabe, bisnetos.

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