Domingo que vem é dia de eleições. Pelo que mostram as pesquisas, no caso da sucessão presidencial e também em alguns estados, será a primeira peneira, por onde passarão os ungidos para a disputa de segundo turno. Os novos- a maioria certamente já antigos- senadores, deputados federais e estaduais estarão eleitos no domingo mesmo. Saberemos então qual cara o Brasil terá nos próximos anos. Sim, porque nada é mais a cara do país do que os seus Legislativos. De nada adianta reclamar dos políticos se somos nós mesmos que os colocamos nos cargos, normalmente repetidas vezes, mesmo sabendo que em vez dos plenários, muitos deles deveriam estar é nas celas. E nas celas eles ainda são muito poucos. Saberemos também se o eleito, qualquer que seja ele, terá respaldo legislativo para levar adiante suas propostas, ou se terá que abrir o balcão de negócios para a formação de sua base de sustentação. Com o número de partidos que temos, com a inevitável pulverização dos votos, os acertos são inevitáveis. Podem ser mais caros ou mais baratos para o povo, dependendo de como o eleitor votar. E em quem ele votará para o Executivo, presidente ou governadores. A disputa que mais chama atenção é, sem dúvida, a presidencial. E chama a atenção pelo seu lado negativo. Há uma polarização normal, mas uma irracional virulência na disputa. Há muito não se via uma eleição tão radicalizada entre candidatos que, em suas essências, não são tão diferentes assim. Ou alguém acredita seriamente que Bolsonaro e Haddad, que as pesquisas sinalizam estarão no segundo turno, farão um governo tão diferente em sua essência. Não, não farão. Bolsonaro é um destes fenômenos eleitorais até certo ponto comuns nas eleições presidenciais. Um oportunista que montou um discurso de combate à corrupção e eliminação do crime, lastreado em sua condição de militar, que o imaginário popular coloca como incorruptível e valente. Imagens que nem sempre se sustentam na prática. Já Haddad tem uma campanha alicerçada na fraude de um discurso que aponta para a volta de um Brasil perfeito, o país do período Lula. Um governo que distribuiu riquezas sem gerá-las, criando os fundamentos para os rombos que se evidenciaram no Governo Dilma que, aliás, nem é citado nas propagandas e falas do candidato. Dilma, na campanha de Haddad, não existiu. Como aliás não existiram velhos companheiros que sustentaram o projeto de poder do partido e de Lula e que por isso, estão hoje na cadeia ou ignorados. É entre dois discursos fraudulentos que o eleitor fará sua escolha. Se me permitem, o eleitor não estará elegendo um presidente. Estará “deselegendo” um presidente, pois a esmagadora maioria dos votos será dada contra, não a favor. O eleito será eleito pelo voto contra o outro. Não será o escolhido por suas propostas. É esperar para ver como fica.