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Odebrecht, o delator, diz que sítio em Atibaia é mesmo de Lula e que ex presidente ganhou a reforma de presente

Paulo César de Oliveira
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Em interrogatório nessa quarta-feira, o empresário Marcelo Odebrecht (foto), delator da Operação Lava Jato, afirmou que as reformas do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, estavam ligadas à “pessoa física” do ex-presidente Lula da Silva. O petista é réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro, por supostamente ter recebido propinas da Odebrecht e da OAS em reformas e melhorias da propriedade rural. Ele será interrogado no dia 14. O empreiteiro também é réu neste processo. À juíza federal Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro nos processos da Lava Jato, o empreiteiro contou que soube do sítio de Atibaia quando “a obra já estava em andamento”, em 2010. Odebrecht citou o ex-executivo do Grupo Alexandrino Alencar e seu pai Emílio Odebrecht. “Deve ter sido lá para final de dezembro, em algum momento eu soube não sei se por Alexandrino, pelo meu próprio pai ou por alguém que eu me encontrei. Em algum momento eu soube, no início, eu, inclusive, reagi, fui contra, por duas razões específicas. Eu até reclamei porque achava que era uma exposição desnecessária, porque seria até então, fora a questão que eu já sabia que havia, mas que era uma coisa bem antiga, que era o assunto do irmão, o apoio ao irmão, mas pelo que eu soube era uma coisa bem antiga e que foi renovado. Fora essa questão, seria a primeira vez que a gente estaria fazendo uma coisa pessoal para o presidente Lula”, disse.

 

Sítio foi presente pessoal

Ele citou a história de um terreno em São Paulo que sua empreiteira iria adquirir para supostamente alojar as dependências do Instituto Lula – episódio que sustenta uma outra acusação da força-tarefa da Lava Jato contra o ex-presidente. “Até então, por exemplo, tinha tido o caso do terreno do Instituto. O terreno do Instituto, bem ou mal, era para o Instituto Lula não era para a pessoa física dele (Lula)”, seguiu Odebrecht em seu relato à juíza. “Quando eu vi lá, que eu soube, tinha um bando de gente trabalhando na obra (do sítio). Quer dizer, a dificuldade de você manter isso em sigilo, em algum momento vazar, era enorme. Outra coisa, que é uma coisa mais pragmática, eu tinha uma discussão com meu pai, que o alinhamento que eu tinha com ele era de que tentasse todo acordo que ele fizesse com Lula, passar pelo contexto da planilha Italiano. Quer dizer, a conta corrente que eu tinha com Palocci, para que a gente não pagasse duas vezes.” O ex-presidente está preso em Curitiba desde 7 de abril. Ele cumpre pena de 12 anos e um mês de reclusão, no processo do caso triplex, também por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O petista nega enfaticamente ter recebido valores ilícitos da empreiteira. Durante a audiência, Gabriela Hardt perguntou a Marcelo Odebrecht se Lula “tinha ciência da reforma que estava sendo custeada em parte pela Odebrecht”. “Ah tinha, com certeza. E, olha, ele sabia que tinha. Eu não escutei isso de Lula, mas meu pai sempre deixou isso claro para mim que ele sabia que estava sendo custeado e, dentro de casa, todos nós entendíamos que aquele sítio era de Lula”, disse o delator. Com o Estadão Conteúdo.

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