A fritura de Gustavo Bebianno pode custar caro para o governo no Congresso Nacional. O cientista político Jairo Pimentel, pesquisador do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV, acredita que a possibilidade de demissão de Bebianno nesta segunda-feira, como tem sido cogitado – o ato já estaria assinado, será muito ruim para o governo Bolsonaro, não pela queda precoce, mas pela forma como foi feita, cheia de idas e vindas e após uma lavagem pública de roupa suja. Para ele, um governo que titubeia terá muitas dificuldades de convencer os congressistas a aprovar a reforma da Previdência. Além disso, muitos dos aliados do presidente temem passar pelo mesmo processo de fritura ou por algo ainda pior, já que Bebianno foi uma das pessoas mais próximas de Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Para colocar mais lenha na fogueira, Bebianno postou em sua rede social a frase: “O desleal sempre espera o mundo desabar na sua cabeça”. Ontem, em mais uma reação contra o presidente, queixou-se do tratamento que vem recebendo, bem diferente do dado ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também sob acusação de envolvimento no esquema de candidatos laranjas.
Parece história velha
A história de que Gustavo Bebianno vai deixar o governo após recusar trocar a secretaria geral da Presidência por um cargo na direção de Itaipu, como saída honrosa, lembra caso envolvendo a velha raposa Tancredo Neves. Contam que na formação de sua equipe para o governo de Minas, em 1982, Tancredo recebeu em audiência um aflito correligionário que aspirava ocupar uma secretaria, mesmo sem ter qualquer qualificação. Como forma de pressionar a velha raposa o correligionário foi direto: “Governador, meus amigos estão dizendo que eu vou ser secretário. O que digo a eles”. Matreiro, Tancredo finalizou a conversa. “Diga que eu o convidei e você não aceitou”. Parece que a história está se repetindo.