Ainda de forma acanhada, talvez até com receio de serem acusados de irresponsáveis diante da crise enfrentada pelo país, os políticos começam a armar os palanques para a disputa municipal do ano que vem. Falta um ano e meio para as urnas, mas as conversas já vão longe e os sinais são desanimadores. Ninguém se mostra preocupado com o país. O objetivo é tão somente permanecer agarrado ao poder, para os que vão tentar a reeleição, ou retomá-lo a qualquer preço, sem se importar com as consequências das inconsequências políticas. Vejam os noticiários. Prestem atenção nos nomes que estão sendo falados para assumirem candidaturas em cidades importantes do país. Não há, claramente, qualquer preocupação com a qualidade dos futuros gestores. Os sem votos, as mariposas da política, preocupam-se apenas na viabilidade eleitoral de alguém que possa, chegando ao Poder, assegurar-lhes empregos ou outras vantagens menos republicanas como compensação pelo apoio. Os que correm atrás de nomes que podem ser campeões de voto, não por sua reconhecida capacidade administrativa, mas pela aceitação popular que têm, normalmente em razão da atividade que exercem, conhecem bem a alma do povo. Sabem que o eleitor usa o seu voto para prestar homenagem a seu ídolo. Não, ao eleitor não é possível nem mesmo dar o crédito da inocência, de ter sido enganado. Não, ele vota de forma consciente, embora irresponsável, em seus ídolos. Os manipuladores da política sabem bem disto e não se constrangem em lançar nomes que sabem nada representar. Pessoas que não tem liderança de fato, muito menos capacidade para administrar uma cidade. Sim, eles têm o direito de se lançarem candidato. A Constituição assegura este direito. Mas deveriam ter a responsabilidade de não querer ocupar um cargo para o qual sabem não estar preparados. É o mínimo que podem fazer pelos seus fãs. Mas este desapego, infelizmente não existe.