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Uma agenda para o Estado voltar a crescer

Paulo César de Oliveira
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Evaldo Vilela, Ph.D.

Presidente da FAPEMIG

 

Sem crescimento econômico não há como desenvolver uma sociedade com mais qualidade de vida. Mas como crescer em um mundo digital, com profundas transformações? Para qualquer região, a resposta é única: inovar. Mas adotar a inovação como prática permanente exige entender bem o que é inovação, como ela acontece, suas complexidades e exigências. Trata-se de criar produtos, processos e serviços inovadores para movimentar a economia, resolvendo problemas que as pessoas têm, como na saúde, produção de alimentos sustentáveis, energias limpas e abundantes etc., competindo em mercados globalizados. É uma tarefa árdua, por exigir visão do poder público para priorizar investimentos, como na geração e utilização de novos conhecimentos, que vem quase sempre da Ciência e Tecnologia, bem como do setor empresarial, que deve avaliar riscos e ter a disposição para empreender em cenários de incertezas. Às vezes, tudo isto acontece de alguma maneira entre nós, gerando valores importantes em cadeias produtivas, o que é alentador, mas são apenas casos ainda isolados. É preciso mais; deve ser uma mania, um envolvimento crescente na sociedade.

 

Um programa consistente de inovação é capaz de impulsionar a retomada do crescimento econômico e social do Estado, criando trabalho, emprego ou ocupação para as pessoas, em especial para nossos jovens, em um ambiente que aproxima empresas, jovens talentos e o conhecimento existente nos laboratórios das universidades. Enfim, criar uma pauta positiva para uma sociedade carente de boas notícias. Mas para isto, é preciso ir além das políticas tradicionais.  

 

Neste contexto, chamar a atenção para o potencial de negócios inovadores, como aconteceu no recente debate sobre energia promovido pelo Conexão Empresarial, é crucial. Uma área estratégica que conta com uma grande empresa, a CEMIG, para puxar pesquisas e competências em fontes alternativas, a exemplo dos biocombustíveis em desenvolvimento em centros de pesquisa mineiros, visando a produção em escala sustentável a partir do óleo da macaúba, pela Universidade Federal de Viçosa; a partir da captura de gases de efeito estufa, pela Universidade Federal de Minas Gerais e a partir de resíduos vegetais para o etanol de segunda geração, pela rede formada pela Universidade Federal de Uberlândia.

 

Ideias trabalhadas com conhecimento científico e tecnológico geram inovação, como a que aconteceu no caso das células fotovoltaicas: a partir de conhecimentos básicos da Física, a ideia ganhou sentido em laboratórios de pesquisa e graças à articulação entre ciência e empresa, o avanço tecnológico chegou ao mercado, solucionando problemas e beneficiando a sociedade. Ideias relevantes podem vir de qualquer lugar, até mesmo de concorrentes, consumidores, fornecedores, ou de quem busca solução para um desafio.

 

As startups são hoje um modelo para o desenvolvimento de inovações a partir do compartilhamento de ideias, competências e dinamismo tecnológico. Trazem novas ideias para o mercado e geram empregos qualificados, muitas vezes transformando em negócios pesquisas feitas em institutos e universidades, ou, por vezes, utilizando o conhecimento já existente, mas não aproveitado comercialmente. Um programa corajoso de incentivo ao empreendedorismo tecnológico, nas universidades e empresas, pode ser um pilar rumo a uma nova economia.

 

O Brasil e Minas Gerais devem promover o ajuste fiscal, mas devem ao mesmo tempo cuidar do futuro, impulsionando o movimento pela inovação, com ações contundentes de impacto real sobre a produção industrial e a arrecadação. É o que faz São Paulo há muito tempo, gerando riqueza nos moldes das melhores práticas dos países inovadores. Caso contrário, corre-se o grave risco de ampliarmos ainda mais a distância entre o Brasil e os países desenvolvidos, entre Minas e São Paulo, em áreas como inteligência artificial, ciência de dados, aprendizado de máquina, entre outras que demandam pessoas altamente qualificadas. Precisamos desenvolver competências que não temos e que impactam diretamente o combate às desigualdades

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