Venho acompanhado a vida nacional há mais de meio século e nunca vi situação como a que estamos vivendo hoje. A pandemia do coronavirus, uma crise que é realmente a primeira guerra mundial, por atingir a praticamente todos os países, e, no Brasil, o presidente Bolsonaro, que não tem limites verbais – como ele diz é a Constituição e pode tudo – tem tido atitudes completamente destemperadas com as suas saídas em Brasília, provocando aglomerações, contrariando a muitos auxiliares, entre eles o ex-ministro Luís Henrique Mandetta, que pediu para sair. E ontem culminou com a saída de Sergio Moro, que em pronunciamento no ministério pediu demissão e fez inúmeras acusações a Bolsonaro. O presidente não se fez de rogado e às 5 da tarde, horário nunca usado por um presidente para pronunciamentos, rebateu Moro, ao lado de todos os outros ministros, entre eles Paulo Guedes – que não vai durar muito –de roupa esporte e o único mascarado do grupo. Acredita-se que as palavras de Bolsonaro só complicaram sua vida, pois falou muita coisa desnecessária, que o Moro já até desmentiu. Um presidente da República não poderia descer a tanto e bater de frente com Sergio Moro, o ex-ministro mais popular, que era considerado um dos pilares do governo. Ontem, já se dizia que o presidente Bolsonaro perdeu mais da metade dos seus apoiadores no Congresso. Na situação em que nos encontramos com a crise da covid-19, deveríamos estar todos irmanados para nos defendermos do vírus. Infelizmente, o presidente Bolsonaro está se saindo mal e os ministros militares já se mostram preocupados com o desenrolar desta crise dupla. Ontem, no início da noite, um ministro do Supremo Tribunal nos dizia que talvez a melhor saída para Bolsonaro seja tomar a mesma atitude de Nixon, o ex-presidente americano, que renunciou. E o ex-presidente FHC sugeriu ontem que Bolsonaro renuncie.