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Começa a retomada

Paulo César de Oliveira
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Flexibilização, desconfinamento. Seja lá o que for, o fato é que começamos com mais força esta semana a retomada das atividades nos setores de serviço e comércio. Esta retomada é uma tentativa de colocar a economia em movimento e se ela é de interesse dos empresários, muito mais é de interesse do governo, que vê despencar a sua receita de impostos. Mas vamos lá. Ela teria mesmo que acontecer. Não há nenhum setor econômico, a não ser talvez os bancos, que consigam sobreviver sem portas abertas. Há os que defendem a retomada econômica argumentando que a paralização provocará mortes pela fome dos que perderam a renda. Há os que defendem que a flexibilização ou desconfinamento ocorra já. E há os que, mesmo a favor da retomada, pensam, como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que estamos no momento de planejar a abertura, não de realiza-la. Argumenta que a nossa curva ainda é ascendente. De Armínio não se pode dizer que é a fala de um comunista, interessado em afundar o país. É uma ponderação com a qual alguns dirigentes mais sensatos, mesmo que em alguns casos explosivos, concordam. É caso, por exemplo, do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (foto), que entregou ao seu secretário de Saúde a missão de flexibilizar, colocando nas mãos da população a responsabilidade para a continuidade do processo. Se houver respeito às normas, ela continua. Se houver abuso, retrocede e torna-se mais radical. É assim mesmo que precisa ser. A retomada não pode ser no ritmo pretendido pelo presidente Bolsonaro e sua troupe de trapalhões. A flexibilização desmedida e irresponsável tem precedentes e, não raro, exigiram uma ação contrária mais radical pela aceleração da pandemia. Tem o efeito contrário também para a economia, pois a aceleração da pandemia gera gastos extras ao governo. Isto sem falar nas mortes que, infelizmente, não sensibilizam os economistas abutres e empresários ávidos por lucros. Mas, enfim, estamos iniciando a retomada da economia que esperamos sinceramente, tenha os efeitos anunciados de distribuir renda e assegurar empregos. Todos dependemos da economia em pleno funcionamento o que, sabemos, não acontecerá imediatamente. Assim, vamos em frente no ritmo possível, sempre planejando o passo seguinte com responsabilidade e sem populismo barato. Vamos trocando o pneu com o carro em movimento. É possível, desde que cada um de nós assuma a sua responsabilidade. E que o consumidor apareça mesmo. A flexibilização, adverte Kalil, é a oportunidade de ir às compras. Não de ir para a rua apenas.

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