Não é, não foi uma gripezinha. Nem tampouco uma histeria coletiva provocada pela imprensa esquerdista radical. Já temos quase dois milhões de infectados e estamos perto de cem mil mortos. Cem mil vítimas que têm nome, história e que deixam famílias e amigos lamentando a tragédia. Bom, falamos de números ditos oficiais, mas não nos esqueçamos de que estamos falando de Brasil. Se mesmo nos países europeus estes números podem ser postos em dúvida, imaginem no caso brasileiro onde a pandemia é tratada com desdém por governantes e população, num comportamento irracional e irresponsável. Quantos seremos os mortos e os infectados, jamais saberemos. O certo é que chegamos na semana que muitos cientistas consideram ser a do pico, quando podemos, se verdadeira a previsão, iniciar a fase de descida da curva da covid 19. E os números são bem, bem mais elevados, estratosféricos em relação aos 850 casos, no máximo, previstos pelo presidente Bolsonaro em seus primeiros delírios diante do avanço da pandemia. De qualquer maneira, o número real é de ser festejado pelos vendedores de cloroquina. Se errou nas previsões da dimensão da crise sanitária e na forma de controla-la, o presidente e sua equipe, não têm sido muito assertivos também nas providências para tratar as sequelas econômicas da crise. Há muito discurso político ideológico e poucas medidas reais, e eficazes, no enfrentamento da questão. E fazer, fazendo o certo, não é favor que o governo presta. Em alguns momentos da vida do país e dos cidadãos, por mais liberal que seja o governo, a interferência do Estado se faz indispensável, para socorrer os mais pobres, e os mais ricos de forma indireta, como na distribuição de dinheiro (lembrando que o dinheiro que o governo coloca no bolso dos mais pobres, imediatamente vira consumo e cai no caixa dos mais ricos, seguindo a verdade inexorável da economia de que o que faz dinheiro, é dinheiro). Também é obrigação do Estado, até para sua sobrevivência, o socorro aos que ousam ser empreendedores e são atingidos por tragédias naturais ou econômicas, muitas vezes resultantes da inoperância dos governos. Dar acesso a crédito aos que precisam, promover desonerações temporárias, de forma efetiva e não apenas pirotécnicas e, fundamentalmente, sem maiores burocracias, é o papel dos governos. Quem é pequeno e está na corda bamba, precisando de socorro urgente, de um respirador financeiro, sabe que não é isto que está acontecendo. Anuncia-se crédito, mas os pequenos e micros não têm acesso a ele. É urgente que o governo aja em defesa destes empresários. Que destrua barreiras, que faça uma distribuição mais equânime dos riscos. Não é admissível que os riscos fiquem apenas com aqueles que produzem e empreendem, enquanto os governos e os que administram o capital operam sem riscos.