Já notou que a campanha eleitoral está nas ruas?

Talvez o eleitor nem tenha notado, mas as campanhas para prefeito e vereador já estão nas ruas. Com certeza uma campanha totalmente diferente de todas as que- mesmo alguém como eu, com mais de 50 anos de “janela política”- já assistimos. O resultado desta experiência é totalmente imprevisível. Impossível mesmo prever o que sairá das urnas em novembro, muito embora se possa apostar que a qualidade dos escolhidos será ainda mais fraca. Era o “Doutor Ulysses”, um dos políticos mais competentes e sérios que o país teve, o comandante da Constituição, que dizia: “se você acha que a política está ruim, espere para ver o resultado da próxima eleição”. E, lamentavelmente, ele tinha razão. Só vamos piorando nossa representação política, eleição pós eleição. Em 2020 não deve ser diferente. Basta uma corrida na lista dos candidatos a prefeito e a vereador Brasil afora- é mais fácil observar nas cidades de maior porte- para nos certificarmos de que estamos diante de um deserto de lideranças. Nomes totalmente desconhecidos, sem qualquer credencial, se lançando na vida política com propostas que nem de ridículas podem ser chamadas, tal o vazio que representam. Neste aspecto, faço uma ressalva para destacar a disputa em Belo Horizonte, onde se desenha um quadro de maior consistência das candidaturas a prefeito, o que nos leva a prever uma disputa mais acirrada e bem diferente do que mostram as pesquisas atuais. Para analistas mais experientes e com maior conhecimento da realidade política da cidade, BH caminha para uma decisão em segundo turno, com a presença do candidato do Cidadania, João Vítor Xavier. Estas disputas em segundo turno trazem a esperança de melhoria do debate político, pois obrigam que os disputantes sejam mais claro em suas propostas, e que tenham um conhecimento melhor sobre seu espaço de atuação no exercício do Poder. Um desconhecimento, é preciso reconhecer, que não é apenas dos candidatos. O eleitor não tem qualquer critério para escolher a quem dará seu voto, até mesmo por não saber quais são mesmo as funções e as competências de um prefeito ou do vereador. Vota em alguém apenas por ele ter, ou ser aposentado ou reformado numa determinada atividade, acreditando que, com isso, ele vai melhorar o serviço prestado naquele setor. Para me fazer entender melhor, e sem qualquer preconceito, cito o crescimento das candidaturas de pessoas ligadas ao setor da segurança, aproveitando a ansiedade popular pela melhoria dos serviços do setor. Candidatos que nada sabem, ou quase nada, do que poderão realizar na área, mas que insistem em promessas falsas. Candidatos a prefeito que anunciam o que sabem jamais irão cumprir, por não terem competência legal para isto ou, de antemão, saberem não existir recursos. Gente que não nasceu para liderar, mas para enganar, pois o verdadeiro líder é o que diz a verdade ao eleitor, por pior que ela seja. Assim como Churchill ao assumir o comando da Inglaterra durante a Segunda Guerra. “Só tenho a oferecer sangue sofrimento, lágrimas e suor”. Entregou aos que nele confiaram uma Inglaterra livre.