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Bravatas não mudam sentimento da população

Paulo César de Oliveira
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Seja por bravata – pelo que ficou conhecido ainda como tenente da ativa – seja pela preocupação de ver derreter sua base de apoio político e sumirem os eleitores, como mostram as pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro (foto) dá recado de que não aceitará a derrota nas urnas de 2022. Só deixa o poder, disse ele, preso ou morto. A terceira opção é a vitória. A derrota é hipótese não considerada. Das três hipóteses, considerando a realidade da fluição de sua liderança, realidade que se vê nas ruas e não apenas nos números de pesquisas que vão surgindo aos borbotões, a última, a vitória, vai se tornando cada dia mais irreal, não por culpa de ninguém, senão do próprio presidente, que nestes quase três anos de Poder, pouco, ou quase nada, cuidou de governar. Subiu muito cedo no palanque e com isto perdeu aliados, e pior, criou inimigos políticos. Bolsonaro, para azar do país e decepção dos que que nele acreditaram, não fez como governante, nada daquilo que prometeu em campanha. Mostrou-se fraco no comando e errado nas escolhas da equipe. Radicalizar o discurso tem sido a estratégia para se manter vivo politicamente, mesmo às custas da derrocada da economia que, a cada dia, se mostra mais incapaz de reagir e de atrair investidores, preocupados com a insegurança jurídica no país, que parece se preparar para uma guerra civil. Bolsonaro tem se mostrado como um rebelde sem causa. Não se pode dizer que seu discurso seja ideológico. É um discurso capaz de insuflar apenas os fanáticos, misturando religião e política, e os mais atrasados, que ainda acreditam ser necessário espantar do país o perigo comunista, um discurso que alimentou os radicais e aproveitadores dos anos 60. Ainda há tempo de salvar o governo? Sinceramente, não sei. Sei apenas que a hipótese da vitória vai ficando cada dia mais distante. Mas para começarmos a falar em soluções, é preciso que todos tenham bom senso e disposição para a busca do consenso. Já vivemos um momento grave. A radicalização que impulsiona os imbecis ganha contornos de definitiva. E imbecis ensandecidos são incontroláveis. O presidente e seus generais com salários de marechais precisam compreender que homem armado não é apenas livre, com diz o presidente, é incontrolável também. O quadro que vai se desenhando é de descontrole estimulado por bravatas. Bravatas que já provocaram cisões na sociedade, facilmente percebidas nos posicionamentos públicos de alguns setores tradicionalmente conservadores e cautelosos. Quando se vê entidades ou grupos, que normalmente são cautelosos em seus posicionamentos, se manifestarem publicamente contra atos políticos do governo, tem-se a certeza de que não há coesão nas forças de sustentação – e quando digo forças são forças mesmo- do governo. Esta, certamente, não é hora de omissão. Também não é hora de valentias desmedidas de qualquer lado. É hora dos sensatos, se é que eles ainda existem e têm voz, buscarem uma solução que, certamente, não será com as alternativas que temos hoje. Claramente, é hora de se construir uma área de escape para evitar colisão dos caminhões sem freio que estão transitando na política brasileira. (Foto reprodução internet)

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