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Novo imortal

Paulo César de Oliveira
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*entrevista feita por Flávio Penna 

A Academia Mineira de Letras terá um novo imortal. O jornalista e escritor JD Vital (foto) vai ocupar a cadeira número 10, a partir do dia 26, quando toma posse. A cadeira tem como patrono Cláudio Manoel da Costa, foi fundada por Brant Horta e ocupada pelos jornalistas João Etienne Filho e Fábio Proença Doyle. Vital, nascido em uma família humilde, da cidade de Barão de Cocais, espera que a sua entrada na Academia Mineira de Letras seja um estímulo para outros meninos, para que eles acreditem que é possível chegar aonde se quer.

Como você começou com a sua produção literária?

Com livros reportagem na área da igreja católica. O primeiro foi “Como se faz um bispo”, o segundo foi “O Alto e o Baixo Clero”, publicado pela editora Record, que fala sobre esse mistério, de como são escolhidos os bispos. Eu me lembro que um dia fui almoçar na casa da Ângela Gutierrez e estava lá o Carlos Heitor Cony que foi seminarista. Ele escreveu um livro chamado “Informação crucificada” , que era a história da saída dele do seminário. Ele estudou em. São José do Rio Comprido, no Rio de Janeiro. Falei com o Cony que estava querendo escrever esse livro e ele falou assim: você já dormiu o seu assunto? Então pensa nessa história de como a igreja faz os seus Bispos, porque isso é um mistério”. Eu já estava pesquisando, porque tive a ideia de escrever esse livro “Como se faz um Bispo”. Conversando com padre Alberto Antoniazzi – que era da PUC e uma das mais belas cabeça do Brasil- sobre como é esse negócio de fazer o bispo e ele me perguntou por que eu não escrevia sobre isso. Ele me orientou, me passou vários livros e comecei a pesquisar. Pensei que essa história fosse mais simples e eu levei uns 10 anos, porque puxava um fio para cá, puxa para lá e cada vez surgiam mais informação. Fui descobrindo e contando a história.

Depois desse, foram quantos livros?

Escrevi “A revoada dos Anjos de Minas“. Esse livro conta a história do fechamento do seminário de Mariana em 1966. Esses são os principais.

Sua passagem pelo seminário teve uma influência muito forte na sua vida?

Foi muito forte. No seminário eu comecei a me interessar por literatura. Eu li um livro chamado “Diário de um pároco de aldeia”, de George Bernanos, que me estimulou a vontade de ler histórias da igreja e histórias de seminários. Eu lia muito, era membro do clube de leitura e gostava muito de ler gibis. Eu era um grande consumidor de revista em quadrinho. Era Gibi e Guri. Naquele tempo, em Barão, as revistas em quadrinho não eram vistas com bons olhos. Eu lia no quintal e escondia as revistas nas ramas de chuchu. As ramas de chuchu foram a minha primeira biblioteca.

A internet está tirando um pouco da formação cultural dos meninos de hoje?

Eu acho que não, acho que até aumenta. Eles têm acesso maior a muitos produtos, a livros, revistas e muitas informações. Cada época é sua época, não é? A internet alargou a possibilidade de conhecimento. Gosto muito de jornal, além da internet. Sou assinante de jornal, mas leio diariamente o blogdopco. O que temos de acesso a jornais do mundo inteiro é muito grande.

A sua entrada na Academia Mineira de Letras pode ser um incentivo aos mais jovens? 

Mas entendo que a minha entrada na Academia Mineira de Letras é um estímulo para aqueles meninos de origem humilde, como a minha. Vim de Barão de Cocais, sou filho de operário na companhia local, que era presidente da banda de música. Minha mãe era pessoa simples, mas que tinha uma intuição cultural muito grande. Ela assinava muitas revistas. (Foto reprodução internet)

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