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Os soldados da esquina

Paulo César de Oliveira
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“Muita calma nesta hora” era uma expressão muito usada pelos políticos mineiros nos anos 80, quando caminhavam as articulações para dar um final ao regime militar brasileiro e eleger, no Colégio Eleitoral, Tancredo Neves (foto) presidente da República. A frase acabou virando título de um filme nacional que, por sinal, não tem qualquer conotação política. Mas o filme nada tem a ver com o tema deste artigo. Uso a frase em seu sentido original para advertir aos políticos da necessidade de moderarem seus discursos. De não insuflarem seus seguidores, levando-os à prática de uma violência descabida e fora de controle. Uso aqui um ensinamento de um grande mineiro que dedicou sua vida à política e ao direito. Pedro Aleixo, então vice-presidente de Costa e Silva, se colocou contra a edição do AI-5, advertindo ao presidente que num estado de exceção, o perigo não está no comportamento do presidente ou de seus auxiliares mais próximos, mas sim no soldado da esquina, que se sente autorizado a praticar toda sorte de violência. Foi o que se viu no país nos anos seguintes, é o que estamos assistindo agora, com os discursos exacerbados contra adversários e instituições públicas. Para respeitar a história, é preciso ressaltar que este não é um comportamento novo de seguidores de líderes (?) mais exaltados. Já vivemos situação parecidas em períodos recentes ou pouco mais remotos. Estamos a pouco mais de uma semana das eleições e a tensão vem aumentado. Ontem chegou a Londres, onde grupos de apoiadores do presidente confrontaram grupos que protestavam pacificamente contra ele, sendo necessária a intervenção da polícia inglesa. Esta beligerância de “soldados da esquina” que se sentem autorizados a praticar a violência contra adversários que considera inimigos, já colocou milhões de brasileiros em situação de alerta. Tanto que 9% dos eleitores, segundo pesquisas eleitorais, já admitem a abstenção para evitar a violência prevista para o dia da votação. Um quadro assustador, que deveria servir de alerta aos que em nome e uma vitória eleitoral, atiçam os violentos. Aí, me lembro de outra máxima da política mineira: não se governa com os exaltados. Eles servem apenas para vencer as eleições. E então, quem os usou como estratégica eleitoral, precisará de usar a força e a violência do Estado para contê-los. Sãos os “soldados da esquina” que se sentirão donos do poder. (Foto reprodução internet)

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