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Gil Pereira: Energia limpa

Paulo César de Oliveira
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Energia limpa é uma das pautas mais importantes que tem movimentado países em todo o mundo. O Brasil tem investido cada vez mais para aumentar a produção de energia sustentável. Em Minas Gerais, considerada a caixa d’água do Brasil, com hidrelétricas como Furnas e Três Marias, os investimentos mais robustos vão em outra direção. Fazendas de energia solar estão instaladas no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha, onde a radiação solar é intensa durante todo o ano. Empresas que produzem energia eólica, a dos ventos, também estão se instalando na serra do Espinhaço e tem ainda, a biomassa, gerada com o bagaço da cana-de-açúcar. O deputado estadual, Gil Pereira (foto/reprodução internet), presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia de Minas Gerais, é um estudioso do assunto, com vários projetos e leis regulamentando o setor, entende que esse é o futuro e Minas avança a passos largos na produção de energia limpa.

Especialistas na área de energia estiveram discutindo, em uma audiência pública na Assembleia Legislativa, sobre o setor. Quais são os principais gargalos do setor? É na transmissão?

Em 2015 eu fiz uma lei, que em 2017 foi sancionada, que fez com que essa geração distribuída Gd, que é de até 5 MB e saisse do zero e hoje nós temos 2,7 GB. É uma geração enorme e a Cemig não estava preparada. Não só a Cemig, como todas as empresas de distribuição do Brasil não estavam preparadas. Com essa lei foram gerados 100 mil empregos e as subestações da Cemig, não estão dando conta de fazer essa distribuição para as casas, para as empresas. A Cemig está investindo agora nas subestações dede 2019 até 2022 está investindo em 80 subestações. O plano de investimento da Cemig está aumentando em 2023 e para 2027, serão mais 200 subestações. Mas isso é um processo demorado. Teve a pandemia também e a Cemig realmente não teve pernas para atender todo mundo.

O futuro é energia solar. As hidrelétricas podem ser superadas?

Na verdade, o que que vai acontecer é que as hidrelétricas vão virar como uma bateria. Vão usar água só mesmo à noite, porque a energia solar é intermitente durante o dia, de 8 da manhã até 5 da tarde, hora que não tem sol e à noite, as hidrelétricas abastecerão. Então, durante o dia a energia solar funciona e a noite as hidrelétricas vão parar de gastar água de dia e à noite usam o reservatório. Vai ajudar também na época de crises de chuvas. Então, realmente vai funcionar como uma bateria. Já a eólica funciona só à noite, mas aqui em Minas temos praticamente zero produção de energia eólica. Vamos ter umas plantas grandes de geração de energia eólica, mas só para daqui três ou quatro anos. Mas a energia solar veio para ajudar muito, porque em vez da hidráulica ficar funcionando 24 horas, ela diminui durante o dia e a solar supre essa demanda durante o dia. Minas já tem 5,5 GB de energia solar já energizada, funcionando. O estado precisa de 6 GB diário para atender a demanda, então, nós já estamos com 5 GB só usados durante o dia. Já temos projetos outorgados, ou seja, já concedidos pela Aneel de mais 32 GB, o que quer dizer que são mais de duas Itaipus, para se ter uma ideia. Realmente é uma energia limpa que veio para ficar agora e para eternidade.

Muitas empresas querem se instalar em Minas ou já se instalaram. O estado tem algum diferencial?

São duas coisas: primeiro o mapa solar de metro, que nós fizemos quando eu era secretário do governador Antônio Anastasia em 2011, e isso foi um passo primordial. Segundo, as terras são baratas, principalmente no Norte de Minas, onde as empresas compraram e em terceiro lugar, nós temos a Cemig, que é uma empresa que está conectado em 774 dos 853 municípios do estado, que ajudo muito a distribuição. Ficamos apertados pelas subestações que eram poucas, insuficientes. Mas já estão construindo mais e o fator número um é o índice solarimétrico, que é um dos melhores do mundo, principalmente no Norte de Minas. No Sul, em São Paulo, onde tem cidades possíveis, as terras são caras. Tem a questão da conexão. Em Minas é uma empresa só que é a Cemig. Em São Paulo tem cinco concessionárias, ou seja, tem cinco Cemigs. Aqui é uma só uma. Isso ajuda e muito. Temos uma subestação grande em Janaúba, que ligou a Bahia em Caporã 3 até Janaúba, porque a subestação vai até Presidente Juscelino. São 1164 km de conexão. O Ministério de Minas e Energia está licitando mais seis subestações grandes em Jaíba, Janaúba e Buritizeiro, ou seja, nós vamos produzir mais energia solar, daqui a 5 anos, do que a Alemanha.

Onde no estado tem vento suficiente para manter uma empresa de energia eólica?

No norte de Minas em Espinosa, Monte Azul, Mato Verde, Santo Antônio do Retiro e Rio Pardo, porque tem a Serra do Espinhaço, que tem altura necessária. É lá que tem essa possibilidade de ter um projeto de 2 GB e tem a subestação, mas é um processo mais demorado, porque levar uma torre de 120 m lá, a 1000 m de altura não é fácil. Na divisa de Minas com Bahia, tem a Renova com produção 500 MB de energia eólica, do vento que vem lá do mar e segue aquela Serra e que é o mesmo vento que está em Minas Gerais.

Que empresas estão vindo para Minas Gerais?

Tem uma alemã, a Best, que vai operar juntamente com uma outra empresa mineira. A alemã comprou 55% do projeto e a brasileira tem 45% para a esse projeto de gerar 2 GB. Esse projeto deve ficar pronto o ano que vem e participar do leilão da Aneel para ter esses 2 GB de eólica. Tem a Casa dos Ventos também, que é outra empresa grande, uma das maiores do Brasil, que também está trabalhando nessa mesma área em um outro projeto de 2 GB. Além disso tem a biomassa que também gera muita energia, que vai possibilitar a energia verde, que é o H2. Em Minas temos 95% de energia renovável. 

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