Exercício imoral da representação popular

Até onde vamos nesta queda de braços entre os Poderes? O país já tem problemas demais e não precisa assistir a uma tentativa do Legislativo de assumir poderes que a Constituição não lhe confere e, mais do que isto, usar estes poderes, que imagina ter, em benefício de seus membros. As recentes ameaças de alguns parlamentares- deputados e senadores- de criar leis, ou mesmo emendas constitucionais, que impeçam o controle de seus atos pelo Judiciário, é alarmante. Protestar contra a cobrança de transparência na destinação e uso de verbas públicas, ou anistiar multas devido por partidos pelo mau uso- ou desvio- de recursos do Fundo Partidário, coisa de muitos milhões, para não falar de outras coisas, mostram a face de um Congresso que em nada representa o povo e que cuida dos interesses apenas de seus membros. Contra tantas irregularidades as primeiras reações deveriam vir dos próprios membros do Legislativo que se calam, preferindo os benefícios do imoral ao exercício de uma boa representação popular. A sensação que dá é que chegamos ao limite daquilo que dizia Ulisses Guimarães: “acham que o Legislativo está ruim, esperem a próxima eleição”. Não é possível piorar mais.