Wagner Gomes
É crescente a deterioração das contas públicas no Brasil, contradizendo as declarações do presidente Lula sobre a eficácia do arcabouço fiscal, que transformou a busca pelo déficit zero em uma grande ilusão. Os gastos públicos, ao crescerem a uma taxa média de 53% ao ano nos últimos 20 anos, contrastaram com uma ampliação de apenas 35% nas receitas. Isso alimentou déficits consecutivos. com o governo se endividando e pressionando o setor produtivo com juros elevados e uma carga tributária crescente. Estima-se um déficit de R$ 78,1 bilhões para este ano, o que representa 0,7% do PIB. O diretor da consultoria Tendências, Nathan Blanche, alerta que essa situação é alarmante, dado que não estão sendo tomadas medidas substanciais para controlar as despesas obrigatórias, especialmente nas áreas de Previdência, Saúde e Educação. O presidente Lula criou uma geração de pessoas que acham ser obrigação do Estado tomar conta delas e, em cada entrevista, promete um novo benefício por meio de nova bolsa qualquer. O Brasil petista gasta recursos com despesas recorrentes sem gerar qualquer benefício para o país. Paralelamente, percebe-se a apropriação do espaço político por uma elite predatória que perpetua um ciclo de gastos crescentes, com o judiciário fazendo vista grossa ao anular a coisa julgada de delitos sobejamente consolidados. Embora a dominância fiscal — na qual a política de juros perderia a eficácia no controle da inflação — ainda não seja uma realidade, começa a ser vista com preocupação por analistas. Recentemente, a agência Fitch expressou ceticismo sobre o avanço do Brasil para o grau de investimento, criticando a falta de melhorias nas finanças públicas, mesmo diante de um crescimento econômico. Enquanto Lula e o ministro da “Arrecadação”, Fernando Haddad, falam em aumentar a taxação sobre os rendimentos dos contribuintes ricos, essa proposta parece mais voltada a financiar um aumento na faixa de isenção do Imposto de Renda do que a solucionar o déficit fiscal. Os esforços do governo para equilibrar as contas têm se concentrado em aumentar receitas, em vez de cortar despesas, o que levanta dúvidas sobre a eficácia de suas estratégias. A crescente promessa de benefícios públicos cria uma expectativa de que o Estado sustente a população, sem a devida atenção à necessidade de ajustes essenciais. Fica evidente que o país deveria priorizar a produtividade, explorar seus recursos estratégicos, como petróleo, e investir em infraestrutura, ao invés de continuar com gastos excessivos em programas que não garantem sustentabilidade financeira. A questão crucial é que, enquanto não houver um ajuste fiscal claro, o rombo nas contas públicas tende a se agravar, ameaçando a saúde econômica do país.