O Brasil parece precisar menos de um presidente e mais de um exorcista. Estamos possuídos por um dualismo paralisante, que transforma eleições em rituais de descarrego: vota-se sempre contra o demônio da vez, nunca a favor de uma ideia, projeto ou esperança. Fomos de Jair Bolsonaro não por convicção, mas por repulsa ao petismo atolado no mensalão. Voltamos a Lula não por crença, mas por receio do "coisa ruim". Esse ciclo de negação emburrece o debate, estreita as possibilidades e prende o país num eterno pêndulo entre o ressentimento e o improviso. O centro político virou terra arrasada, quando, na verdade, deveria ser reconstruído como o espaço do bom senso, da negociação e da racionalidade. Não se trata de neutralidade covarde, mas de coragem em escapar da armadilha da antipolítica. O país não aguenta mais a política como exorcismo. Queremos votar com vontade - não com náusea. Votar a favor e não contra. (foto/reprodução internet)