Wagner Gomes
José Dirceu (foto/reprodução internet) ressurgiu empunhando bandeiras de 40 anos atrás e quer empurrar o PT para o guichê da história como se fosse 1989 outra vez. Em carta aberta, defendeu Edinho Silva no comando do PT e convocou o partido para uma “revolução social” contra o “cartel bancário”, o Banco Central e a Faria Lima — como se juros altos fossem produto de sadismo, não de desgoverno. A carta aberta é um grito de guerra da ala que vê no capitalismo um vírus e no lucro, pecado. Fala em cartel bancário, em metas de inflação como se fossem conspiração do Tio Patinhas e vê no BC o grande vilão da desigualdade — como se a gastança fosse virtude. Mas não deixa de haver honestidade no texto: Dirceu reconhece que o PT precisa ser “reconstruído” — o que, vindo dele, é quase uma confissão de culpa. E quer Boulos no Planalto, mais sindicatos na sala e uma esquerda unida contra a realidade. Convocação feita. A ala radical subiu o tom — mas, cá entre nós, o Brasil real está mais preocupado com o PIX do que com panfletos. Resta saber se o povo, que só quer viver e pagar as contas, vai comprar essa revolução no carnê.