Diante da resistência ao aumento do IOF, o governo apresentou aos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre (foto/reprodução internet), um pacote de compensações que mistura pragmatismo fiscal com ambições ainda pouco consolidadas. No curto prazo, a equipe econômica aposta no aumento de dividendos do BNDES e na mudança do preço de referência do petróleo — medidas que escapam do crivo legislativo. Já no longo prazo, entra em campo um leque de propostas controversas: travar a complementação da União ao Fundeb, revisar benefícios fiscais, limitar supersalários e vincular o piso da Saúde e da Educação à regra do novo arcabouço fiscal. Também estão na mesa a taxação de apostas e criptoativos. A estratégia é criar um cardápio amplo de alternativas para barganhar com o Congresso. Nos bastidores, até a desvinculação do salário-mínimo dos benefícios previdenciários foi cogitada, um sinal de que, para conter a rejeição ao IOF, o governo está disposto a negociar quase tudo, menos o desgaste político.