A gastronomia como ferramenta de desenvolvimento econômico, aliando cultura e produção agrícola e industrial em uma mesma plataforma. O resultado: sucesso. Essa a receita de Rodrigo Ferraz (foto/reprodução internet) para fazer a Plataforma Fartura Gastronomia ser reconhecida como um importante canal para se chegar à boa mesa. Além de buscar novos sabores e a história de cada prato, Rodrigo Ferraz rompe barreiras até chegar a Portugal para descobrir as muitas semelhanças entre a cozinha portuguesa e a mineira.
Qual a fórmula para explicar o sucesso que a Plataforma Fartura Gastronomia alcançou?
Uma das coisas que faz a gente ir para frente, ter esses êxitos, ser reconhecido no mercado, é que, além de acreditar no faz, nós temos a gastronomia como uma causa, como um símbolo, como uma alma. Nós acreditamos que a gastronomia é uma grande ferramenta de desenvolvimento econômico e social. Nós gostamos do que fazemos, a gente acredita nessa causa e a gente faz de verdade.
A Plataforma Fartura começou em Belo Horizonte, foi ganhando espaço, foi ampliando e hoje está em Portugal. Como se deu esse processo?
Quando eu falei dessa questão, dessa ferramenta de desenvolvimento econômico, social, nós vimos a capacidade de inclusão, de geração de emprego, de geração de renda. É o que a gastronomia traz, porque ela tem agricultura, agropecuária, uma parte da indústria e uma parte do comércio. Isso é um grande valor. E aí nós colocamos como o nosso tema, como a nossa base, como a nossa raiz a origem do prato. Então você pega todas essas cadeias, essas entidades envolvidas, esses setores da cadeia produtiva. Dentro dessa questão, da origem do prato, a gente quis ir também para Portugal, porque é uma das nossas origens, junto com a indígena e africana. Mas Portugal, pela presença, pela história, por tudo o que eles deixaram na arquitetura, na língua, cultura e mais um monte de coisas, é uma influência muito forte. A gente quis ir para Portugal exatamente para ir na origem.
E como tem sido essa experiência em Portugal?
Ela é muito gratificante, porque no Brasil, temos o costume – pelo fato de ser um país continental- de fazer negócios e relacionamentos de estado para estado. De realizar vendas gerais para o Rio, para São Paulo, para o Espírito Santo, para Bahia e vários estados. Na Europa, é de país para o país. Minas Gerais é do tamanho da França e quando você quebra esse paradigma, você vê a riqueza cultural, profissional é networking, tem histórias. É uma experiência fabulosa. Você sai um pouco da caixa.
E o que que chamou a atenção em Portugal? É uma gastronomia parecida com a mineira?
É, tem muitas ligações com Minas Gerais. É a questão dos queijos, dos embutidos. A galinha cabidela, por exemplo, falam que é o nosso é frango ao molho pardo. Então são vários pratos, várias coisas que você tem essas similaridades. E você tem em Portugal um grande destaque que são os vinhos e os azeites também. Em Minas Gerais os vinhos têm se destacado. E você vê em Minas Gerais um crescimento exponencial dos vinhos. Então, temos todas essas similaridades e, além disso, você tem a questão da língua, tem voo direto para Portugal. É essa aproximação, cada dia está mais forte, entre Minas Gerais e Portugal.
Qual é a gastronomia mais rica no Brasil?
A gastronomia mais rica no Brasil, você pode falar que é a mineira, a baiana e da região amazônica. Da região amazônica, você vê muito pela questão do exotismo. É mais sobre o que a floresta amazônica pode proporcionar em termos de diversidade. Minas Gerais e Bahia, você tem raízes históricas, que vão desde a descoberta do Brasil. Na Bahia tem o lado ruim da questão dos escravos. Isso é muito forte no estado. Em Minas Gerais você vê a questão da extração do ouro. Essas coisas todas, são questões que influenciaram e isso traz influências importantes. Não que os outros estados não tenham, mas a gastronomia se sedimentou nesses dois estados e que tem muito a ver também com a característica do povo, das suas raízes. O povo mineiro, por exemplo, é um povo muito acolhedor, tem o prazer de sentar à mesa. Se você pegar essas características históricas, com essas características dos povos, do povo baiano e do povo mineiro, eu acho que você tem essa gastronomia diferenciada. Você tem um conjunto de fatores que diferenciam a gastronomia desses estados. Eu costumo falar o seguinte: você vai em uma ou outra cidade, você vê um restaurante de comida mineira, um restaurante de comida baiana, mas você não vê um restaurante de comida carioca. Esse é um fato simples, que destaca essa riqueza toda.
Para esse ano, o que nós vamos ter no festival Fartura?
Primeiro, temos uma programação confirmada. Geralmente os nossos eventos são no segundo semestre em Conceição do Mato Dentro, na cidade do Serro e em Tiradentes. A gente sempre procura estar em cidades que tenham uma história gastronómica, que é uma riqueza e faz parte do patrimônio histórico. A beleza natural, também facilita. É todo o processo do evento, porque gastronomia não é só o que você come, é o que está em volta. Mais coisas devem acontecer a serão confirmadas ao longo do segundo semestre. Muitas surpresas gastronômicas e culturais.