A exemplo de outras votações que levaram à derrota do governo Lula na votação de projetos de seu interesse, partidos com ministérios e cargos nos segundo e terceiros escalões garantiram 63% dos votos pela derrubada do decreto do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Parlamentares do PSB, PSD, PDT, MDB, União Brasil, Republicanos e PP viraram às costas ao governo.
O aumento das alíquotas do IOF foi assinado pelo governo como forma de aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal sem maiores congelamentos orçamentários. Mas os incômodos do governo vão além, a dobradinha entre os presidentes da Câmara Hugo Motta e do Senado, Davi Alcolumbre, na votação da matéria, deixou a articulação do governo sem tempo para uma reação. A responsável pela articulação política, ministra Gleisi Hoffmann (foto/reprodução internet), busca culpados pela derrota, mas entende que o Congresso tenta sabotar o governo.
Após derrotas, governo busca recursos para salvar aumento do IOF
O governo quis aumentar o IOF por decreto e não pelo caminho da lei, apostando na prerrogativa do Executivo. A intenção do aumento das alíquotas do IOF nesse caso é arrecadar. Se é arrecadatória, precisaria passar pelo Parlamento. O Congresso reagiu e derrubou a medida. Com a derrota contratada, vieram o discurso moral e a ameaça de judicialização. Haddad e Gleisi falam em justiça tributária; o Supremo, mais uma vez, pode ser chamado a arbitrar o que deveria ser resolvido na política. No fundo, é o velho método: tentar ganhar no Judiciário o que se perdeu no Parlamento. Agora a ministra Gleisi Hoffmann (foto/reprodução internet) tenta emplacar, sem sucesso, a hashtag #Congresso inimigo do povo. Só que o povo não é bobo e enxerga o próprio governo como seu inimigo.