Em um artigo denso, o ex-ministro José Serra (foto/reprodução internet) trata com densidade e ironia contida um tema estrutural: a perversidade de uma política monetária que parece mais castigadora do que corretiva. Com inflação acima da meta, o governo mantém juros reais em 9% ao ano, uma taxa que, mais que conter preços, trava a economia. O pretexto é “ancorar expectativas”, mas o efeito é o oposto: é estagnação produtiva, retração do investimento e concentração de renda. A política monetária no Brasil virou vício e serve à renda financeira e penaliza a criação de riqueza real. Num país onde 60% da riqueza é financeira e o índice Gini de patrimônio chega a 0,82, juros altos alimentam velhas fortunas e sufocam o trabalho. O problema já não é só técnico, é ético.