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Presidência fora da área de cobertura 

Paulo César de Oliveira
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Lula

Wagner Gomes 

Do alto da Praça dos Três Poderes, Lula ainda insiste em governar um Brasil que já não existe. O país mudou de roupa, de linguagem, de meios — mas o presidente veste o figurino do passado. Dois anos e meio de mandato e a ficha não caiu: programas reciclados e discursos de palanque não bastam num ambiente em que a política virou guerra de memes e a opinião pública, refém de narrativas instantâneas. Os institutos de pesquisa cravam aumento contínuo nos índices de reprovação. São os piores da carreira presidencial de Lula. E não adianta repetir que a economia cresceu, que a inflação está sob controle ou que o Bolsa Família foi turbinado. O problema não é apenas o que o governo entrega, ou deixa de entregar — é como comunica. E aí mora o desastre. Enquanto Lula ensaia para plateias levadas por prefeitos e repete chavões sobre "trabalhar sério, nós contra eles, andar de cima e elite" a direita reina no campo que realmente importa: as redes. Ela aprendeu, com Bolsonaro, a operar o algoritmo como artilharia política. O governo, não. Ainda acha que vídeo de ministério em horário comercial convence alguém. A máquina digital que elegeu Bolsonaro segue funcionando a todo vapor, enquanto a esquerda ainda discute se TikTok é coisa de adolescente. Lula pode ter sido o mestre do comício, mas a urna agora passa pelo celular. Quando ele se queixa de "gente que prefere coisa rapidinha" ou que "não dá pra fazer política com celular", escancara o descompasso. Há um ponto cego mais grave: a crença de que performance digital é futilidade. Não é. É disputa de poder. Quem perde a narrativa perde o controle institucional. Lula pode terminar refém de aliados, de centrões e de rusgas internas, porque renunciou ao comando do enredo. A comunicação mudou. O tempo político encurtou. E o eleitor não espera. Se Lula não entender que o Brasil atual fala outra língua, corre o risco de esquecer o roteiro e virar figurante no próprio governo — ou, pior, perder o papel antes do ato final. (Foto/reprodução internet)

Wagner Gomes - Articulista 

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