A Suprema Corte dos Estados Unidos transformou as tarifas de Donald Trump (foto/reprodução internet) em bomba-relógio. Se decidir pela ilegalidade, abre-se um rombo fiscal imediato: reembolso bilionário às empresas, algo perto de 0,7% do PIB. Para o Tesouro, desastre; para o setor privado, um presente inesperado, sobretudo às pequenas companhias, que pagaram a fatura mais pesada. Chama-se “restituição”, mas soa como estímulo disfarçado. O problema é o custo, já que a curva de juros está tensionada, o déficit ampliado e a inflação está rondando a esquina. O governo pode até redesenhar alíquotas, mais baixas para uns, mais altas para outros. Mas não há truque que faça preços recuarem: a rigidez é estrutural. O resultado provável é um mix perverso, com o caixa cheio hoje, preços mais altos amanhã. Em resumo: um litígio jurídico que escancara a contradição entre populismo fiscal e disciplina econômica.