Dr. Marcos Andrade
No início dos anos 1980, começo da cardiologia moderna, os chineses, por sua tenacidade, agilidade, destreza e competência, eram muito presentes nos hospitais de São Paulo, a meca dessa especialidade.
Estando lá para participar de um congresso, recém-egresso da residência médica, assisti a uma palestra de um cardiologista chinês que, durante cerca de 90 minutos, falou sobre uma grande inovação: os computadores e a informática. Era tão complexo que quase desisti da medicina. Segundo o palestrante, quem não aderisse estaria fora do mercado.
Os anos passaram e, em 2022, fui convidado para um evento seleto, também em São Paulo, para conhecer a IA. Complicado! Fez-me lembrar dos anos 1980.
Há três semanas, participei de uma mesa-redonda com mais três colegas jovens, extremamente atualizados nas ferramentas hoje disponíveis para os médicos em seus consultórios.
Tema: O que faz um consultório dar certo ou ser um fracasso. Algo assim.
Ouvi atentamente as aulas, sempre me perguntando: por que me convidaram?
Comecei a falar sem muita convicção sobre a trilha a seguir, mas rapidamente me encontrei.
O que mudou foi a tecnologia, que agora coloca, de forma mais rápida e em maior volume, as informações no computador do médico.
Mas isso não tira o médico do mercado.
Pelo contrário!
O segredo continua o mesmo: o que vai diferenciar os médicos não será a informação que possuem, mas sim a capacidade — ou não — de “transcrever” esses conhecimentos para cada paciente.
Conteúdo, diagnóstico, assertividade e carinho!
Affff! Não vou parar de clinicar!
O mercado precisará, cada vez mais, de transcritores.
Apenas informação disponível não salva vidas!
*Dr. Marcos Andrade – Cardiologista/Clínica Marcos Andrade