*Desinflação com pés de barro é o dilema de Galípolo (foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil). A desaceleração recente da inflação alivia, mas não engana. Parte do recuo vem de choques que se dissiparam, cadeias normalizadas e efeitos de base. O núcleo duro continua lá: serviços resilientes, mercado de trabalho aquecido e renda empurrando preços. Pior: o fiscal segue errático. Gastar mais sem âncora clara pode dar um sopro de consumo, mas corrói a confiança, pressiona o câmbio, encarece o financiamento e sabota expectativas. Sem disciplina nas contas públicas, a “desinflação” vira miragem — bonita de longe, perigosa de perto.
*À beira de 2026, o país encara um espelho incômodo: entregar de novo a hegemonia ao PT, atualmente presidido por Edinho Silva, ou retomar o fio interrompido após o desastre Dilma. 2025 começou com o tropeço do “Pix tributável”, meio desmentido, meio verdadeiro e totalmente desastroso. A Receita flertou com uma quebra de sigilo bancário universal e levou o governo ao chão da popularidade. Lula tentou salvar, na comunicação, o que vacila na gestão. Mas marketing não reescreve fatos. A direita, porém, às vezes ajuda o adversário com bravatas inúteis. O jogo está aberto, e a paciência do eleitor, curta.
*2025 parecia o ano da renda fixa: Selic a 15%, segurança de mosteiro e cara de quem já ganhou a disputa. Mas a Bolsa, presidida por Gilson Finkelsztain — a maior bolsa de valores da América Latina e a única a operar no Brasil —, resolveu provocar, tirou o terno, subiu no palco e entregou espetáculo. O Ibovespa, embalado por cortes de juros aqui e lá fora, ralou perto dos 170 mil pontos e ainda fecha o ano com alta acima de 30%. A B3 provou que não morreu, só cochilava. Para 2026, o consenso é cauteloso — há riscos no caminho, mas não falta fôlego. Se o mundo colaborar, falar em quase 200 mil pontos deixa de ser bravata e vira possibilidade.
