Vamos entrando na reta final das eleições. Nada, absolutamente nada de novo aconteceu até aqui. Despido dos encantos da produção de marketing os candidatos têm que se mostrar ao público, dizer o que pensam, quais são suas propostas. E aí, tudo se complica. Não há o que mostrar porque nada se pensou. Cada candidato tem um programa de ação de governo registrado na Justiça Eleitoral. Mera formalidade legal. Provavelmente a maioria sequer leu o que registrou como proposta. Continua o nada. Alguém pode dizer que a novidade desta eleição é candidato que se apresenta como não político. Gente que fala em mudanças, em uma nova política. Falar, falam, mas ninguém explica o que mesmo é a tal da nova política. Discurso ao vento apenas. E que nem novidade é. Esta negação, o não ser, é cíclico. E ressurge conforme os humores do eleitor. Às vezes faz ganhar eleições, mas invariavelmente, leva a uma decepção. Simplesmente por que não há como administrar sem fazer política. Com os políticos. Fazer política é interagir com quem decide. Pode-se até, como alguns propõem, dialogar com a população. Mas não é o povo, diretamente, quem decide. São os seus representantes no Legislativo. Não há como fugir desta realidade. Fora disto não é democracia. É autoritarismo irresponsável. É alimentar no povo a existência de algo que não existe. Enquanto o mundo não achar algo diferente, vamos continuar assim: fazendo política. Quem nega esta regra estimula o analfabetismo político, magistralmente definido em texto atribuído ao dramaturgo alemão Bertolt Brecht que, vejam, não perdeu sua atualidade.
O analfabeto político
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais.