O Brasil fica sabendo hoje, ou mais provavelmente na madrugada de amanhã, se a presidente Dilma vai a julgamento pelo plenário do Senado. A tendência é de que os 41 votos, maioria simples, sejam conquistados logo. Aceita a pronúncia, começa a agonia final do mandato. Será, não tenham dúvida, o período de maior tensão política do país. Não que se preveja grandes mudanças no comportamento dos senadores que decidirão o futuro da presidente afastada e, por via de consequência, do país. Para a votação de hoje, há quem aposte numa votação estrondosa pela continuidade do processo. Prevê-se também um final tranquilo, nem tão apoteótico, mas de uma boa maioria pelo impeachment. O problema será nas intermináveis semanas de cumprimento de um ritual processualístico absolutamente sem sentido. Vamos repetir depoimentos – seis de defesa, seis de acusação- apenas para cumprir formalidades. O que poderiam acrescentar estas testemunhas? Que tipo de nova prova capaz de mudar a opinião dos julgadores poderá surgir num processo que somadas suas duas fases, na Câmara e no Senado, já tem mais de vinte e cinco mil páginas? Sem que nenhum fato novo surja, o que ocorrerá é um recrudescimento político, com disputas entre militantes, estumados por pretensos líderes, sejam partidários ou de movimentos ditos sociais de reações incontroláveis, criando um clima de instabilidade real ou fictício, que servem mais a interesses inconfessáveis do que aos interesses do país e do povo. Melhor seria, repito aqui o que já afirmei em outras ocasiões, que, sem atropelos legais, déssemos um andamento mais lógico a este processo. Que o resultado, seja qual for, venha logo para o país se organizar e definir seu rumo. Este já é um ano perdido. Dificilmente o Congresso, mais preocupado com as eleições de outubro, decidirá algo. Com este caminhar do impeachment, a situação fica ainda mais complicada. E o povo pagando a conta.