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A urgência de uma gestão macroeconômica coordenada 

Paulo César de Oliveira
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Wagner Gomes 

As contas macroeconômicas brasileiras estão em um processo de deterioração gradual, tanto no equilíbrio cambial quanto no fiscal. A curto prazo, o cenário não parece alarmante, já que o país ainda conta com grandes reservas internacionais e mantém um superávit primário. Os sinais de alerta se acendem quando consideramos o horizonte de longo prazo. O ponto mais preocupante é a falta de articulação dentro do governo, algo raramente abordado. O presidente prioriza a política acima da gestão econômica, e foca sua atuação no palco internacional, onde adora atuar, fazendo pose de estadista. Essa postura evoca uma comparação com monarquias, como a da Inglaterra, cujo rei reina, mas não governa de fato. No caso brasileiro, isso deixa o país em uma situação anômala, sem um verdadeiro chefe de governo que atue diretamente na condução das questões econômicas e administrativas. Daí ao protagonismo do Parlamento é um pulo, como se vê ultimamente, para ciúme de uns e choradeira de outros. O governo tem patrocinado um aumento nos gastos, sobretudo os sociais, criando um cenário de terra arrasada, propício para fazer emergir pressões inflacionárias. Vale-se para isso, ainda, do socorro do STF, instituição que, na atual gestão, mais parece um órgão de governo. A atuação do Banco Central, liderada por Roberto Campos, tem sido razoavelmente eficiente dentro das limitações impostas. A política de juros altos, embora impopular, é necessária para conter a inflação, agravada por políticas fiscais expansionistas praticadas gestão de Lula III e incentivadas pela incendiária Gleisi Hoffmann. Outra área crítica é a diplomacia política e econômica. O Itamaraty, que historicamente deveria se concentrar em ampliar e fortalecer os acordos comerciais do Brasil, parece estar mais focado em questões ideológicas, alinhando-se às convicções políticas do Partido dos Trabalhadores e do presidente Lula, esquecendo-se de que é um órgão de Estado. Isso compromete a busca por acordos comerciais sólidos e diversificados, que poderiam trazer benefícios reais à economia do país. No fim, o Brasil enfrenta um desafio duplo: a falta de coordenação interna e uma diplomacia que, ao invés de servir aos interesses econômicos do país, parece seguir um viés ideológico que pode prejudicar o crescimento sustentável a longo prazo. Se essas questões não forem enfrentadas de maneira pragmática, o país poderá se deparar com um cenário de desequilíbrio fiscal e cambial cada vez mais grave, minando a estabilidade conquistada nos últimos anos.

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