Por: Paulo César de Oliveira
A questão da terceirização arreganhou diante de trabalhadores e patrões uma realidade ainda mais preocupante do que o resultado da votação da proposta: a fragilidade de nossas instituições. Ficou evidente que qualquer fanfarrão faz de nossas instituições “gato e sapato”. E como temos fanfarrões em nossa política. Mas no caso específico tratado aqui, Renan Calheiros e Eduardo Cunha é que deram o espetáculo e nos fizeram o favor – claro, aos que querem enxergar –que, na política, não somos mesmo um país sério. Calheiros e Cunha deixaram que neste país tropical as coisas andam não como deveriam andar, mas como querem os coronéis da nossa vida política. A disputa entre eles deixou claro que o Legislativo faz apenas o que seus chamados líderes desejam. E eles, lógico,desejam apenas o que lhes interessa de forma direta e pessoal. O máximo que conseguem enxergar são seus próprios umbigos. Não pode ser considerado democrático, com instituições sólidas e livres, um país dois senhores disputam entre si o que será engavetado e o que será votado. Cada um querendo mostrar que é mais homem do que o outro. Triste sina a de um país onde uma proposta de lei fica nas gavetas por onze anos , e os senhores senadores ainda pedem tempo para analisar e discutir melhor. Onde estavam estes senhores e seus assessores de polpudos salários que simplesmente desconheciam uma proposta em tramitação na Câmara Federal, que mexe profundamente com interesses de milhões de brasileiros? Dormiam ou estavam mais preocupados com tenebrosas transações? É pela omissão dos bons que os maus ocupam os espaços. No popular, é pela ausência dos gatos que os ratos fazem a festa. Ou não temos gato?