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Blog do PCO

Corte o necessário 

O já todo poderoso ministro da Economia, Paulo Guedes, mesmo sendo casado com uma mineira e tendo cursado Economia em Belo Horizonte, dá sinais de que não assimilou nada da sabedoria mineira. Aprendeu economia, mas não aproveitou nada do comportamento prudente do mineiro. Ficou nos livros, esqueceu-se de conviver com o povo. Se tivesse feito isto teria aprendido que nascemos com duas orelhas e uma boca – já disse isto aqui – para ouvirmos mais e falarmos menos. O novo czar de nossa economia tem feito exatamente o contrário no que resulta falar pelos cotovelos, criando desconforto na economia. Certamente seria melhor agir na hora certa, com medidas necessárias, do que ficar anunciando o que não está ainda bem definido. Agora o czar e seus asseclas deram para atacar o Sistema S, das poucas coisas que funciona bem no país. A maior parte da mão de obra melhor qualificada que temos é originária das escolas do sistema. “Passar o facão”, além de ser uma expressão grosseira para tratar de um assunto tão complexo, não nos parece ser o melhor caminho. Se busca reduzir a carga tributária, como quer fazer crer, o governo tem milhares de outras opções de corte, inclusive em seus gastos perdulários. Necessário reconhecer que há mesmo a necessidade de se reduzir a carga de impostos, mas dizer que fará isto “passando o facão no Sistema S”, é   cometer equívoco, manipular informações. Os recursos do Sistema S não são impostos e também não são fornecidos pelo governo. São recursos de contribuição dos empresários. Guedes, ao anunciar cortar entre 30% e 50% dos recursos do sistema, deveria ter dito também se o governo vai assumir a prestação dos serviços na área social, de saúde e educacional, que são referências mundial. Se terá verbas e competência para manter os serviços na qualidade que são oferecidos. Lembrando que as escolas do Sistema S prepara a mão de obra necessária para os diferentes setores da economia. O ministro e seu grupo precisam repensar suas propostas, mas, fundamentalmente, seu modo de agir. Caso contrário corre o risco de ser a confirmação do que ensinava o guru de todos eles, o ex-ministro Roberto Campos. Dizia ele:” há três caminhos para cair na desgraça: o mais rápido é o jogo, o mais agradável são as mulheres, o mais seguro é consultar um economista”.

 

Alguns setores do futuro novo governo, gente ligada ao ministro, tem insinuado que existem “sombras sobre o Sistema S” que podem ser traduzidos como problemas de gerenciamento e até corrupção. Pode ser. No Brasil isto é muito comum. Mas esta é outra questão. Não se joga a casa no chão para corrigir um defeito no encanamento. Aperfeiçoar o gerenciamento, apurar irregularidades – respeitando a independência do Sistema – é uma coisa. Estrangular não o Sistema S, mas os serviços que ele presta para ficar com seus recursos é, no mínimo, uma insensatez. Vai acabar com o que funciona, prejudicando os mais carentes e, na outra ponta, o setor produtivo que perderá centros de excelência na formação de profissionais. É bom ir com calma. Voluntarismo e arroubos.

Paulo César de Oliveira

 

 

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