Esta discussão sobre o impeachment da presidente Dilma começa a exalar um cheiro nauseante. Cheira a demagogia de um lado, esperteza de outro e, o pior de todos os cheiros, o de oportunismo de quem quer levar vantagem no processo. Alguns políticos começam a questionar o governo interino, como se fosse possível fazer algo em tão pouco tempo e a fazer desta crítica uma ponte para se apresentar como indeciso. Como em estado de reflexão, com possível revisão de voto. Isto assusta porque, na política brasileira –não posso dizer quanto aos demais países – isto significa se oferecer para negociações. Significa dizer mais ou menos assim: “ei, estou aqui no balcão, ninguém quer negociar comigo não?”. Rever posição, qualquer uma, faz parte do jogo da vida. Num embate político ela não deve ser imutável. O processo é justamente para que cada lado apresente suas razões, suas provas. O convencimento é o que se busca e é perfeitamente natural que alguém se convença de algo contrário do que imaginava e, por isso, mude de lado. Mude o voto. Mas convenhamos, até aqui nada de novo, absolutamente nada, aconteceu para levar alguém a rever seu posicionamento. Dizer que o governo Temer está titubeante, gerando insegurança, não é uma inverdade, mas também não é algo assustador. No principal, na proposta econômica, tem se mantido firme e coerente. A economia desta em mãos de quem sabe o que busca e como atingir esta meta. O resto é jogo político e para isto Temer precisa de quem é mestre no jogo. Do lado petista, é forçar na mão aproveitar dos diálogos do Sérgio Machado para esbravejar que está tudo provado, que o impeachment foi um golpe para acabar com a Lava Jato. Como se eles não tivessem nada a ver com a corrupção. É hora de acabar com protelações, de colocar o processo para andar no ritmo da lei. É hora de decidir, não de temporizar. O vácuo da indecisão beneficia os mal intencionados e paralisa a economia. Pior para o povo.