O tema mobilidade urbana tem sido recorrente em várias discussões pelo mundo, como forma de se pensar o futuro no difícil desafio do deslocamento humano com qualidade de vida. Mas, se muitos países não têm opções e veem somente o carro elétrico como solução da redução das emissões de gases poluentes, o Brasil tem à disposição os biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, que já tornam o transporte muito mais sustentável e limpo, podendo aliar a eletrificação para tornar a locomoção ainda melhor.
No caminho da mobilidade brasileira não se coloca a eletrificação veicular em disputa com os biocombustíveis e sim, sua conjunção, o que já resultou, inclusive, no lançamento este ano do híbrido flex, o carro menos poluente do mundo. De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), este carro abastecido com etanol emite apenas 39 gramas de CO2 equivalente/Km, enquanto o elétrico no Brasil emite cerca de 65g e o carro a gasolina (E-27) 128 gramas.
Já o flex, quando abastecido a etanol (E-100), emite cerca de 58 gramas, menor ainda do que o veículo elétrico. Encontra-se também em pesquisa o carro a célula de combustível (hidrogênio) com o uso do etanol, que promete ser o de menor emissão no mundo ou 27 gCO2eq/Km. Esses carros já se enquadram num conceito muito discutido hoje em dia na indústria automotiva que é do “poço à roda”, ou seja, o carro tem que ser sustentável da produção ao trânsito.
O Brasil tem, então, todas as chances de liderar a transição para uma mobilidade urbana altamente sustentável com o uso dos biocombustíveis da eletrificação, principalmente com a entrada em vigor do Programa Nacional de Biocombustíveis, conhecido como RenovaBio, que visa aumentar a produção e o consumo de biocombustíveis. Além do Rota 2030, atual programa governamental de apoio à indústria automobilista nacional, que dá incentivos à inovação, com os princípios da sustentabilidade ambiental, garantindo uma melhor eficiência aos atuais motores.
O etanol está inserido em todo esse contexto de discussão e permitirá não somente o desenvolvimento de tecnologias altamente “limpas” para uma mobilidade mais sustentável, com ganhos enormes para a saúde pública. Além de ser um combustível de mais baixo custo para o consumidor e de fácil abastecimento de Norte a Sul do país.
Os carros puramente elétricos são muito caros, a infraestrutura de recarga tem que ser toda construída, o destino e a reposição das baterias é ainda um desafio a ser superado. O Brasil é um país também, que tem a conta de energia muito cara e a recarga das baterias pode encarecê-la ainda mais, se o consumidor não tiver como produzir sua própria energia.
Por isso, a aposta do Brasil não pode ser outra, senão aproveitar o que já conseguiu avançar com os biocombustíveis e aliar uma tecnologia nova que é a eletrificação, gerando emprego, renda e desenvolvimento econômico de forma sustentável e eficiente!
Mário Campos
Presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais- SIAMIG