Ontem completei os meus bem vividos 70 anos. Acompanho a vida publica brasileira desde os meus 17 anos, quando iniciei no jornalismo. São, portanto, mais de 50 anos de profissão, de acompanhamento diário da política e da economia. Faço este preâmbulo para dizer que nunca assisti a uma crise política, econômica, institucional e moral, deste tamanho. No governo do general Figueiredo, houve em 1979, a chamada segunda etapa da crise internacional do petróleo e, em 1982, até em consequência dela, a crise da divida externa brasileira. À época era ministro da Indústria e Comercio, o mineiro João Camilo Pena, que, num almoço comigo em seu gabinetes foi direto e curto: “PCO, vou lhe dar uma explicação simples e simplória – como os paulistas dizem que sou –. Sou mais velho do que você, e posso garantir que toda crise é maior que a anterior, por vários motivos . O pais cresce, a população aumenta e toda crise é fabricada. Alguém está ganhando e alguém esta perdendo com ela. E alguém aparece para solucioná-la” É uma realidade. Vi e participei da época de Sarney que assumiu no lugar de Tancredo, que ficou doente na véspera da posse, morrendo no mês seguinte. Como o saudoso ministro José Hugo Castelo Branco, homem de confiança de Tancredo, era meu amigo pessoal e com ele vi muitas coisas de crises séries e artificiais. Depois, no governo Itamar Franco, vice de Collor, que assumiu com a queda do alagoano, em meio a um tumulto, o país esteve novamente à beira de uma enorme crise, mas ele, mesmo não sendo um primor de articulador, soube levar. Um dos problemas que enfrentou foi para tirar o Eduardo Cunha da presidência da Telerj, onde tinha sido colocado por Collor. Foram seis meses de batalha política para emplacar o saudoso advogado e meu amigo Jose de Castro Ferreira na presidência da Telerj, pois Cunha tinha a bancada federal do Rio nas mãos, como hoje dizem ter quase 200 deputados federais ao seu lado. Itamar enfrentou ainda dificuldades com as acusações ao seu amigo e ministro Henrique Hargreaves. Itamar mandou que ele se defendesse fora do governo. Nada foi provado, reconduziu. Dilma não teve a coragem de fazer o mesmo com vários auxiliares. Agora está passando apertado para se manter no cargo. Dizem que nesta semana fecha-se o vergonhoso acordão com Eduardo Cunha para ambos se manterem nos cargos. É o Brasil mergulhado em sua pior crise dos últimos anos sem que se enxergue o fim do túnel. Dilma insiste em permanecer, mesmo em meio ao maior escândalo de corrupção já visto neste pais, o petrolão. Pior para os empresários e para a cada vez maior massa de desempregados. O empresariado começou a reagir. Não demora e os desempregados vão para as ruas. Aí…