O recado está dado e não há ninguém, neste país, que possa dizer que não foi avisado sobre o desejo das ruas. As vozes de seis milhões de pessoas, ou de três milhões como estimam órgãos oficiais, não deixam dúvidas de que o Brasil quer mudanças. As manifestações de domingo reuniram um número estatisticamente expressivo para se medir o que brasileiro, neste momento, deseja. Pelo menos 8% da população adulta do país – entre 15 e 65 anos- esteve nos protestos contra a presidente Dilma e em defesa de mudanças. Mas é bom que os políticos brasileiros, para quem as ruas endereçaram o recado, se conscientizem de que o povo não quer apenas o impeachment da presidente. O alvo não é pessoal. Quer mudanças profundas. Quer uma nova ética e, principalmente, o fim da corrupção escandalosa que todos desconfiavam que existia e que a Operação Lava Jato escancarou. As manifestações foram pacífica o que evidencia, ao contrário do que se pode imaginar, que pessoas que queriam protestar, manifestar opinião, confrontar sem violência. Mas que não se subestime o comportamento das massas. Do ano passado para cá, o número de participantes de atos contra o governo dobrou. E vai aumentar, dependendo da capacidade do Congresso em dar resposta ao desejo popular. O Congresso, até aqui, tem demonstrado inércia. Uma inércia por conveniência, por comprometimento política e dependência das benesses governamentais. Há uma clara falta de sintonia entre o povo e os políticos, notadamente os parlamentares. É bom que se lembrem que o mandato que têm é para representar o povo.Se tinham dúvidas sobre o que desejam seus representados, já não as têm mais. Precisam agir rapidamente. A paciência do povo tem limite. E o país não aguenta mais a paralisia provocada pela falta de ação dos políticos.