O grande problema do presidente em exercício Michel Temer – que completou trinta dias de governo – é a interinidade. O que não aconteceu com Itamar Franco, que iniciou seu governo como presidente de fato pois Collor havia renunciado. Mesmo assim, em poucos meses Itamar chegou a ter seis ministros da Fazenda, até acertar com Fernando Henrique. Não é o caso de Temer que começou tendo que demitir, inapelavelmente, em menos de quinze dias, dois ministros, acusados de corrupção. Fora outros que segurou, apesar das pressões. Infelizmente o presidente sabe que para aprovar determinadas medidas no Congresso, precisa ter nomes políticos em seu ministério, gente capaz de fazer o jogo pesado. Na área econômica, ao trazer para o governo, com carta branca para formar sua equipe, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, Temer acertou em cheio. Se a equipe não tivesse a qualidade que tem, certamente as dificuldades do presidente seriam ainda maiores. Como as que está enfrentando na área política. Como Temer está na interinidade tem que conviver com a presidente afastada Dilma Rousseff, esperneando, com uma série de movimentos, na tentativa de fazer com que o impeachment não seja aprovado no Senado. Dilma tem sido irresponsável e politicamente inconsequente, tentando inviabilizar o governo Temer. Esquece-se de que, ao agir desta forma, prejudica o país e destrói qualquer possibilidade de que ela própria venha a governar caso, numa hipótese absurda, saia com seu mandato intacto. O PT, e Dilma em especial, precisa deixar de ser inconveniente. A começar por manter este discurso de golpe que ninguém acredita e que soa falso. Tentar manter o poder a qualquer custo só demonstra que o partido não tem qualquer respeito com o povo e se preocupa apenas com o poder. Afinal, porque tanto apego assim ao poder, se sabe, de antemão, que não terá condições políticas de governar?