Num mar revolto por denúncias, prisões e ameaças de delações, o Congresso tem que levar o barquinho das reformas a um porto seguro. Questões polêmicas estão para serem decididas por senadores e deputados, muitos deles preocupados em salvar a própria pele do banho de detergente e pesticida que a Lava Jato vem dando na política brasileira.
O medo de serem alcançados começa a promover baixas na base com que o governo contava para aprovar medidas que, embora indispensáveis, são sabidamente de baixo apoio popular. Com o pescoço na forca fica mais difícil para o parlamentar enfrentar também a opinião pública. Se ainda estivéssemos com a economia funcionando bem, com crescimento e emprego, seria mais fácil colocar a “cara na janela” e enfrentar possíveis manifestações contrárias. Mas com recessão, desemprego, oferecer ao cidadão um arrocho maior com a promessa de uma melhoria que virá certamente, mas muito lentamente, fica politicamente difícil.
Mas não há outro caminho. Ou fazemos as mudanças agora ou corremos o risco maior do caos total na economia com todas as consequências sociais que todos sabem que virão. Se pensarem um pouco mais, se fizerem uma análise de risco, deputados e senadores verão que o momento de votar propostas como teto de gastos, mudanças na Previdência, é agora. É que os ganhos com o controle dos gastos será sentido rapidamente – principalmente com a recuperação da credibilidade- impulsionando a economia.
E isto traz melhoria de renda e empregos com evidente reflexos nas eleições de 2018, que é o que realmente interessa aos parlamentares. Se tiverem condições de votar logo propostas que tramitam há mais de dez anos, como a que visa para moralizar a política – o que todos duvidam por não ser de interesse deles – e de aumentar a segurança, melhor ainda.
Todos chegam em 2018 de bem com o eleitor. Pensar em reforma politica com Renan Calheiros é brincadeira.