Durante o depoimento de Mauro Cid (foto/reprodução internet), no Supremo Tribunal Federal, uma pergunta aparentemente aleatória feita por Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro, quase passou batida. Mas sua intenção era clara: desestabilizar o delator. Vilardi questionou se Cid usara perfis no Instagram que não estivessem em seu nome para tratar da delação. Cid hesitou, negou, e foi surpreendido pela menção ao enigmático perfil @gabrielar702 — nome que, segundo ele, pode ser de sua esposa. O ministro Alexandre de Moraes interveio, mas o assunto não foi aprofundado. O que ninguém disse, mas todos sabem, é que esse perfil foi sim usado por Cid para tratar de assuntos sensíveis, alguns ainda não revelados, mas com potencial explosivo. A conta virou carta na manga da defesa de Bolsonaro, uma espécie de cavalo de Troia digital. Luiz Fux, único ministro da Primeira Turma presente na sessão, justificou: queria ouvir os réus com os próprios ouvidos. Como disse Gaspari, golpe fracassado é sempre ridículo. Este, além de ridículo, parece mal roteirizado.