Trump se manifesta sobre o Brasil como se fosse fiador informal de Jair Bolsonaro (foto/reprodução internet). Com o velho truque da inversão moral, pinta como vítima quem é réu confesso de afrontas institucionais. Usa o Brasil como espelho de sua própria paranoia judicial: “sou perseguido, logo ele também é”. É mais do que interferência diplomática, é instrumentalização política de outro país. A fala é grave. Não por seu conteúdo, que repete os clichês da “caça às bruxas”, mas porque revela como líderes autoritários se protegem em rede. Trump atua como avalista de Bolsonaro e sinaliza que há uma internacional da desordem, disfarçada de patriotismo. E enquanto isso, Bolsonaro, que está inelegível e acuado, festeja o afago como quem busca refúgio em voz estrangeira. O silêncio institucional da direita brasileira diante disso? Ensurdecedor. Lula reagiu. Mas isso, como sempre, não basta. Mais uma vez, o país assiste ao debate sobre sua soberania ser sequestrado por um tuíte.