O que mais se comenta no meio político e acadêmico é que o Brasil vive um momento sem paralelo em sua história republicana: pela primeira vez, civis e militares de alta patente prestam contas à Justiça por envolvimento numa tentativa de suposto golpe de Estado. Independentemente do conteúdo dos depoimentos, o que se vê é um marco institucional inédito e, ao que tudo indica, com potencial real de punições. Os interrogatórios no STF, incluindo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (foto/reprodução internet) e generais graduados, rompem com a tradição de impunidade em sedições anteriores. Todas as rupturas institucionais do passado contaram com a participação ativa das Forças Armadas, sobretudo do Exército. Desta vez, o roteiro mudou: a legalidade não recua e a Justiça avança sobre o núcleo da conspiração. Nos próximos dias, a sociedade testemunhará algo mais que oitivas. Verá o Estado de Direito confrontar seus fantasmas fardados.