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A economia vai bem?

Paulo César de Oliveira
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Quem entende um pouco de economia não vê consistência na tese do “forward guidance” (que sinaliza a permanência do juro básico-Selic nos níveis atuais até 2022). Essa sinalização vai afetar, internamente, o nosso câmbio e a nossa Bolsa, no exato momento em que a Bolsa, no exterior, despenca em função de nova onda do coronavírus. Parece que estamos vivenciando uma desconexão entre política monetária e fiscal. O mercado de dívida brasileiro é traduzido por um encurtamento da dívida pública e já se encontra pressionado pela necessidade de rolagem: são R$ 92,164 bilhões de vencimento em títulos no quarto trimestre deste ano; R$ 286,1 bilhões entre janeiro e março de 2021; e R$ 320,6 bilhões entre abril e junho do próximo ano. Enquanto isso a inflação tem superado constantemente as projeções (a mais recente prévia do IGP-M apontou alta de 4,57%, contra 2,34% em agosto). É a maior variação desde agosto de 1994. Essa tentativa de dissuadir o mercado de seu prognóstico de alta iminente das taxas de juros dificilmente vai colar. O Brasil apresenta instabilidade acentuada e o dinamismo dessas condições ainda sofre influências do populismo que vem sendo adotado pelo presidente, gerando dificuldades com respeito ao Orçamento. Diferentemente do Banco Central, o mercado começa a ficar mais avesso ao risco, evidenciando uma dissonância cognitiva. Quando isso ocorre, o natural é vingar a percepção do mercado. Diante da falta de perspectiva para a trajetória da dívida pública brasileira evidencia-se, sem disfarce, que o nosso problema é fiscal. Essa taxa Selic é, praticamente, insustentável, no atual momento, em forma de “forward guidance”. Vai acontecer o previsível: é o mercado quem a precificará. Resta saber em que lapso de tempo.

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