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Agência ameaça tirar o selo do Brasil

Paulo César de Oliveira
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A agência de classificação de risco Fitch Ratings reduziu a perspectiva de evolução da classificação em longo prazo do Brasil de “estável” a “negativa”, mantendo-a no patamar “BBB”, pela degradação da situação econômica e orçamentária do país. Em um comunicado, a Fitch justifica sua decisão pelos “maus resultados econômicos que continuam no Brasil, os desequilíbrios macroeconômicos crescentes, a deterioração das finanças públicas e um aumento palpável da dívida pública”. A agência ainda indicou nessa quinta-feira que poderá retirar o selo de bom pagador do Brasil – o chamado grau de investimento, que indica que o país é um local seguro para investir. Embora a Fitch tenha mantido a nota atribuída ao Brasil (BBB), colocou a avaliação em perspectiva em negativa -ante estável-, o que significa que pode rebaixá-la caso as condições macroeconômicas brasileiras não melhorem. “Embora o governo tenha começado um processo de ajuste macroeconômico para impulsionar a confiança e credibilidade política, riscos negativos relacionados à sua efetiva implementação e duração persistem, especialmente no contexto de uma economia e ambiente político desafiadores”, diz o comunicado da agência.

 

Baixo crescimento pode complicar a situação

No comunicado, a Fitch lembra que a economia brasileira ficou estagnada em 2014, após crescer apenas 0,1%, e ressalta que a previsão para este ano é de contração de 1%. “O crescimento médio do Brasil nos últimos três anos de apenas 1,5%, comparado com a mediana de 3,2% de outros países ‘BBB’, evidencia a natureza estrutural da performance baixa”, diz a Fitch em comunicado. O Brasil mantém o selo de bom pagador em todas as agências de classificação de risco. Recentemente, a agência S&P deixou inalterada a nota de crédito do país em BBB-, o último degrau na escala de grau de investimento. Na Moody’s, a nota do país é Baa2, o que significa que o país está a dois degraus acima de perder o grau de investimento. A Fitch já havia divulgado relatório afirmando que as empresas brasileiras enfrentarão uma “intensa tempestade” este ano diante da combinação de preço das commodities e demanda por produtos em baixa e inflação e taxas de juros em alta. Com isso, os rebaixamentos das notas de crédito das companhias do país devem aumentar ao longo do ano, segundo o documento. Nos três primeiros meses deste ano, houve 11 cortes em notas de crédito de empresas brasileiras e nenhuma elevação. “Os setores mais arriscados permanecem sendo açúcar e etanol, construção pesada e construção residencial”, afirmou o relatório, assinado por Debora Jalles e Ricardo Carvalho, diretores da agência no país.

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