Blog do PCO

Agora é a CNI que admite recessão maior

Paulo César de Oliveira
COMPARTILHE

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) piorou a projeção para a queda da economia este ano. A estimativa de retração do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 1,6%, previsão divulgada em julho, para 2,9%. “A insegurança econômica causada pela forte deterioração das contas públicas e as dificuldades para construir o ajuste fiscal determinaram uma recessão de magnitude mais intensa que a inicialmente esperada para o ano de 2015”, diz a CNI, na publicação Informe Conjuntural. “O ambiente de instabilidade se completa com taxa de inflação anual próxima de 10% e grande volatilidade nos mercados de câmbio e juros”, acrescenta a confederação. A expectativa de queda do PIB industrial foi alterada de 3,8% para 6,1%. A projeção para a queda no consumo das famílias passou de 1,2% para 2,3% e para a retração dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), de 7,7% para 13,4%. A projeção para a taxa de desemprego foi alterada de 6,7% para 6,9%. A estimativa para a inflação subiu de 8,9% para 9,6%. A expectativa para a taxa básica de juros, a Selic, é manutenção no atual patamar de 14,25% ao ano.

 

Superávit comercial é a única boa notícia

A CNI passou a prever déficit primário, este ano, de 0,05% do PIB. Em julho, a expectativa era superávit primário, economia para o pagamento de juros da dívida pública, de 0,4% do PIB. A expectativa para a dívida líquida passou de 36,4% para 34,9% do PIB. A expectativa para a taxa média de câmbio em dezembro ficou em R$ 4. Em julho, a previsão era R$ 3,25. A previsão para o superávit comercial dobrou para US$ 10 bilhões. A previsão para o déficit em conta corrente, saldo das operações de compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o mundo, passou de US$ 81 bilhões para US$ 69 bilhões, este ano.

 

Só o ajuste fiscal não garante retomada do crescimento

O retorno da economia a um ciclo de crescimento no futuro depende de um ajuste fiscal mais amplo do que a obtenção de superávit primário, economia para o pagamento de juros da dívida pública. A avaliação é do gerente executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco (foto). Para Castelo Branco, é preciso rever a legislação que permite aumento automático de despesas obrigatórias, sem avaliar a eficiência dos gastos. Ele citou o aumento do salário mínimo que leva em consideração o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, e a inflação. Como a expectativa para PIB é de retração e a inflação deve ficar perto de 10%, o aumento do salário mínimo pode ficar nesse percentual. Castelo Branco ressalta que uma elevação de 10% no salário mínimo afeta as contas da Previdência Social, as prefeituras e empresas de menor porte, por exemplo. “Em ambiente de recessão e aumento de desemprego, é uma pressão muito forte. É complexa, é politicamente difícil, mas a sociedade não pode se furtar a essa discussão”, disse.

 

As pautas bombas podem piorar a situação ainda mais

O economista também lembrou a aprovação, pelo Senado, do projeto de lei de conversão da Medida Provisória 676/15 que permite a “desaposentação”, termo utilizado para definir o recálculo da aposentadoria para quem continua a trabalhar depois de se aposentar. Se a emenda for sancionada, vai beneficiar milhares de aposentados que continuam na ativa e contribuindo para a Previdência. “Isso implica custos para a Previdência que vão se manifestar ao longo do tempo em necessidades de recursos, em pressões adicionais”, destacou. Castelo Branco afirmou ainda que a recessão levou à frustração de receitas para o governo. “O corte de gastos se mostra insuficiente para reverter esse quadro”, disse. A CNI passou a prever déficit primário, este ano, de 0,05% do PIB. Em julho, a expectativa era superávit primário de 0,4% do PIB. A projeção de retração do PIB passou de 1,6%, previsão divulgada em julho, para 2,9%.

COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News do PCO

Preencha seus dados e receba nossa news diariamente pelo seu e-mail.