O Banco Central (BC) manteve nessa quarta-feira a taxa básica de juros em 14,25% ao ano pela terceira vez seguida, em decisão não unânime. Foi a primeira decisão dividida do Comitê de Política Monetária (Copom) desde outubro de 2014, um sinal de que um futuro aumento na Selic pode vir mais cedo que o esperado. Dos oito integrantes do colegiado, seis votaram pela manutenção da taxa, enquanto os diretores Sidnei Marques e Tony Volpon (foto) votaram pela elevação da taxa em 0,5 ponto percentual, para 14,75%. Pesquisa da Reuters mostrou que 49 dos 50 economistas consultados previam que a Selic ficaria inalterada, no maior patamar desde 2006. Em comunicado, o BC se limitou a dizer que “avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu manter a taxa Selic por seis votos a favor e dois votos pela elevação do juro”. Suprimiu, com isso, trecho do comunicado anterior em que assinalava que BC seguia entendendo que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, era necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária.
Sinais de preocupações com a inflação em 2016
O economista-chefe da Haitong, Jankiel Santos, avaliou que a decisão dividida indica um nível de preocupação maior da autoridade monetária com o cenário de inflação. “Se antes ele (BC) insistia e a gente tinha essa percepção de uma dificuldade bastante grande de aumento da taxa de juro, hoje essa sinalização é completamente contrária ao que a gente tinha. Já podemos ver no início de 2016 aumento de taxa de juro de novo”, disse. Diante das turbulências no cenário fiscal e político, o BC havia desistido na reunião de outubro de levar a inflação para o centro da meta no final de 2016, estendendo esse prazo para 2017 e elevando o tom em seu discurso, indicando que poderia voltar a subir a Selic se entendesse necessário, mesmo diante da fraqueza econômica. Com revista Veja.