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Banco Central sabe os males da inflação. Mas espera…

Paulo César de Oliveira
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O Banco Central (BC) reconhece que a inflação está elevada e também os malefícios que a alta dos preços traz para a economia, mas tem determinação, autonomia e instrumentos para assegurar o poder de compra da moeda. A afirmação foi feita pelo diretor de Política Econômica do BC, Altamir Lopes (foto), ao apresentar ontem o Relatório de Inflação. De acordo com Lopes, entre os malefícios da inflação alta estão o encurtamento do horizonte de planejamento das famílias e empresas e o aumento da concentração de renda. “O Banco Central tem determinação, tem autonomia e tem instrumentos para cumprir essa estratégia. Esses instrumentos serão utilizados quando e se o Copom [Comitê de Política Monetária, responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic] julgar necessário”, disse Lopes. O principal instrumento usado pelo BC para controlar a alta dos preços é a taxa básica de juros. O Copom elevou a Selic sete vezes consecutivas. Nas reuniões do comitê em setembro, outubro e novembro, o comitê optou por manter a taxa em 14,25% ao ano.

 

Mais do que dobramos a meta

O Banco Central estima que a inflação, medida pelo IPCA, chegará este ano a dois dígitos e passará longe do teto da meta, de 6,5%. A projeção é que a inflação feche o ano em 10,8%. Para 2016, a estimativa para o IPCA subiu de 5,3% para 6,2%. Em 2017, a inflação deve ficar em 4,8%. Segundo o BC, a inflação está alta devido ao realinhamento entre preços administrados e livres e entre domésticos e internacionais. Também há influência das “incertezas quanto à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição”. Para Lopes, o aumento dos preços administrados, neste ano, é melhor do que se fosse feito em um processo mais lento. “Traz um custo pronto no momento e os benefícios vem longo em seguida. Um ajuste mais lendo poderia ser menos dolorido, mas o rescaldo seria pior”, disse. Questionado se o aumento do desemprego e a queda da economia impediriam o BC de elevar a taxa básica, Lopes afirmou que o mandado do BC é um só. “Só temos um mandato que é trazer a inflação para a meta. Vamos agir, se necessário”, enfatizou. Lopes disse ainda que não descarta nenhum instrumento de política monetária, como mudanças em depósitos compulsórios. “Há vários instrumentos de política monetária, entre eles o compulsório. Nada se descarta”. Ao se elevar depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC, reduz-se o dinheiro disponível na economia e, por consequência, a demanda por produtos e serviços, afetando a inflação.

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