O governo vai antecipar a liberação, via Banco do Brasil, de R$ 3,1 bilhões até o final do ano para fornecedores do setor automotivo. A Caixa também vai liberar R$ 5 bilhões até o fim de 2015 em linhas de capital de giro e de investimento com juros mais baixos e prazos maiores às empresas do segmento. Para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), tratam-se de operações “absolutamente normais”, que não irão afetar o ajuste fiscal. “Não compromete o ajuste, é uma operação de mercado, operação que na verdade, evidentemente pressupõe o compromisso de contrato das montadoras”. A declaração do ministro foi depois de participar da abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior, ontem (19), no Rio de Janeiro. Após o anúncio da liberação da linha de crédito do BB, as ações do banco fecharam com uma baixa de 6%, na Bovespa. Para analistas do setor, os investidores ficaram assustados por temerem ingerência política sobre o setor financeiro, como em uma reprise do primeiro mandato da presidente Dilma. Além disso, a equipe econômica havia assegurado que a política de usar bancos públicos havia terminado.
Mesmo com socorro, demissões continuam
O socorro ao setor automotivo, no entanto, não vai conseguir segurar os empregos. A Mercedes-Benz anunciou que vai iniciar com o processo de demissões no início do mês de setembro, nas fábricas no ABC paulista. Com a retração do setor, a montadora alegou para o Sindicato dos Metalúrgicos ter, pelo menos dois mil trabalhadores em excesso nas suas fábricas. A empresa não aderiu ao Plano de Proteção do Emprego, criado pelo governo federal por considera-lo insuficiente. O plano estabelece em até 30% a redução da jornada de trabalho e dos salários, sendo que o trabalhador recebe 15% e compensação da diferença da renda com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.