Os bancos brasileiros apontam como um dos principais riscos à estabilidade financeira o quadro de incertezas diante das eleições presidenciais. O resultado faz parte do Relatório de Estabilidade Financeira, publicação semestral do Banco Central, que foi divulgada ontem. A preocupação com riscos políticos teve frequência de citação de 67%, contra 71% na aferição anterior. Os bancos pesquisados declararam que o resultado das eleições, o programa do candidato eleito e as suas condições de governabilidade são fatores de riscos para a economia. Paulo Souza, (foto) diretor de fiscalização do Banco Central, disse que há desconfiança do setor. “Toda vez que tem um cenário de eleição, o próprio sistema financeiro e tomadores de crédito param um pouco para saber qual vai ser o desdobramento. O risco político que eu percebo, claramente, que os bancos estão preocupados, é em relação a reforma no aspecto fiscal, que vai ter impacto na taxa estrutural de juros dependendo de quem for eleito”, disse. Segundo Paulo Souza, o sistema financeiro está capitalizado, tem liquidez e mesmo com a redução da taxa de juros, aumentou a rentabilidade. “Para eles conseguirem manter esse patamar de rentabilidade, a tendência natural é transferir essa liquidez para a parte de operação de crédito”, completou Souza.
Cenário nacional também afeta estabilidade.
Outro risco citado foi o cenário internacional. Subiu de 51% na última pesquisa para 76% no atual levantamento. Aumentaram as preocupações com as tensões comerciais nas economias da Turquia e da Argentina. A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que poderá reduzir o volume do comércio internacional e trazer reflexos para o preço de commodities e o nível de atividade mundial, também foi citada. Paulo Souza disse ainda que o Banco Central vai “acompanhar mais de perto” a política de segurança cibernética dos bancos no Brasil. Apesar de esse cuidado já existir e de as ocorrências nesse sentido nunca terem afetado o mercado brasileiro, o BC editou norma para definir padrões de segurança. Os bancos que fizerem processamento em nuvem terão de comunicar ao Banco Central e informar eventuais incidentes. O diretor da instituição destacou que o BC se antecipa ao avanço da tecnologia, que traz novas ferramentas bancárias e introdução de novos riscos. “Isso levou a uma discussão internacional mais forte. O Banco Central está na vanguarda. Tendo em vista essa tendência de processamento em nuvem, que reduz o custo das instituições, especialmente em instituições pequenas, até reforça a sua segurança”, disse ele.