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BC admite que inflação está persistente

Paulo César de Oliveira
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), presidido por Alexandre Tombini (foto), voltou a avaliar que as informações disponíveis sobre inflação “sugerem persistência” do movimento de alta de preços. Para o comitê, a continuidade da inflação elevada reflete os preços no segmento de serviços e o realinhamento dos preços administrados – que são os preços regulados pelo governo ou por contrato, como o da gasolina e da energia. As ponderações estão na ata da última reunião do Copom, realizada nos dias 28 e 29 de abril. O documento foi divulgado ontem (7) pelo BC. Na reunião da semana passada, o Copom elevou em 0,5 ponto percentual a Selic, taxa básica de juros da economia, que agora está em 13,25% ao ano. Foi a quinta elevação consecutiva: a taxa é o instrumento do BC para controle da inflação.

 

Salário melhor sem maior produtividade alimenta inflação

Na ata, o comitê destacou que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulada em 12 meses atingiu 8,13% em março. Ressaltou, ainda, que a alta especificamente dos preços administrados ficou em 13,37% no mesmo período. O colegiado do BC disse que a convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5%, deve ocorrer só ao final de 2016. A ata informa que o comitê projeta alta de 11,8% nos preços administrados para 2015. A estimativa engloba projeção de alta de 9,8% no preço da gasolina, de 1,9% no do gás de bujão, de 4,1% nas tarifas de telefonia e de 38,3% nos preços da energia. O Copom avalia que há dados favoráveis à queda da inflação, como início de um processo de distensão (perda de dinamismo) no mercado de trabalho. No entanto, acredita que a concessão de aumentos de salários “incompatíveis com o crescimento da produtividade” pode ter repercussões negativas sobre a inflação. O comitê reafirmou que o cenário permite uma expansão moderada do crédito, que já vem sendo observada. Mas avaliou que ainda são necessárias iniciativas para moderar as operações de crédito. O Copom acredita que o consumo das famílias deve se estabilizar, devido a questões como emprego, renda e crédito.

 

Até aqui os apertos foram insuficientes

Por outro lado, o financiamento imobiliário, a concessão de serviços públicos e a ampliação de renda agrícola devem favorecer o investimento, segundo o BC. Já as exportações devem ser beneficiadas pela desvalorização do real. Com relação ao quadro internacional, a ata diz que, apesar de o Copom identificar baixa probabilidade de eventos extremos, o ambiente “permanece complexo”. O colegiado frisou a recuperação da atividade em algumas economias maduras, contrastando com moderação do ritmo da economia nas emergentes. Também se referindo aos mercados internacionais, o Copom lembrou a moderação dos preços de commodities (produtos básicos com cotação internacional). Com relação especificamente ao petróleo, o colegiado do BC destacou que a evolução dos preços internacionais tende a se transmitir à economia doméstica. Neste contexto, o comitê novamente avaliou que os avanços alcançados no controle da inflação ainda não se mostraram suficientes e reafirmou que a política monetária “deve manter-se vigilante”. O colegiado volta a se reunir nos dias 2 e 3 de junho, para deliberar sobre os rumos da taxa Selic para o próximo período de 45 dias.

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