A crescente despesa governamental com juros da dívida pública, aliada às expectativas de mercado em um ambiente de prêmio de risco alto, acende um alerta sobre a capacidade do Banco Central (BC) em controlar a inflação. Recentemente, a pauta foi debatida entre diretores do BC e investidores em reuniões em Washington, onde surgiram preocupações sobre possíveis limitações à autonomia da autoridade monetária. Embora especialistas afirmem que ainda não há evidências concretas para tal conclusão, a possibilidade de um aumento nas taxas de juros pelo BC para conter a inflação pode agravar o dilema fiscal, elevando os gastos com juros e comprometendo a confiança do mercado.
O ex-secretário do Tesouro, Paulo Valle(foto/reprodução internet), observou um clima de pessimismo entre investidores, que temem a sustentabilidade da dívida pública, especialmente com a Selic ainda insuficiente para controlar a atividade econômica. Atualmente, o gasto com juros acumulado em 12 meses chegou a 870 bilhões de reais, correspondendo a 7,7% do PIB, o maior nível desde 2016. Para reverter essa trajetória negativa, é imperativo que o governo tenha convicção e vontade política no controle de despesas, para que o BC mantenha sua eficácia no combate à inflação e a credibilidade das contas públicas.
